Quem está a salvo do cansaço, com tanta balbúrdia e solavanco nesta adorada terra do Brasil?
Na tentativa de navegar em outros mares, fui surfar na praia das notícias da Suécia. Entrei no site da publicação “The Local”, que circula em inglês em vários países da Europa (Áustria, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Noruega, Espanha e Suécia). The Local é um jornal digital com um formato padrão, mas direciona os editoriais e as notícias para o mercado de cada país a que se destina.
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Pois bem, matérias do The Local Sweden tendem a parecer frívolas, face os padrões brasileiros. Entre outras coisas, encontram-se informações sobre agraciados com o prêmio Nobel; sugestões de atividades para aproveitar o final do inverno no hemisfério norte; avaliação do caso dos refugiados iugoslavos que vem entrando desde a década de 90, acompanhada da pergunta sobre as lições que a Suécia tem para aprender com eles.
Também poderia passar como amenidade a reportagem sobre uma exposição de arte levada a efeito numa das estações de metrô da capital. A rede de metrô de Estocolmo é administrada pela companhia SL, tem uma extensão de mais de 100 Km e ficou célebre pelas exposições de arte que continuamente realiza: pintura, escultura, instalações. No seu conjunto é uma das maiores galerias de arte do mundo. Colocar a arte no metrô é a maneira que o país encontrou para tornar a arte acessível a todos.
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Não, ainda não cheguei ao ponto.
O ponto é a notícia sobre uma mostra realizada na estação Slussen de autoria da artista Liv Stromquist. Vê só. A exposição era composta de painéis em preto e branco com figuras de pássaros, gatos, árvores, homens despidos e mulheres. Estas apareciam com as pernas sem depilação, andando de patins enquanto menstruadas. As pinceladas vermelhas sendo o único ponto coloridos nas pinturas.
“As escolhas da artista prestam tributo ao corpo humano em todas as suas formas e expressão”- declarou ao The Local a porta-voz da companhia de metrô SL, Martina Viklund.
A porta-voz informou também que os artistas e as obras são sempre selecionados por uma comissão formada por trabalhadores da SL, por críticos de arte e por artistas. Acrescentou que a escolha das obras de Liv Stromquist se relaciona com o objetivo de promover arte que tenha aceitação entre o público mais jovem.
Martina Viklund disse ainda: “A Companhia SL não tem nenhuma restrição a mostrar corpos nus no metrô. A arte tem uma longa tradição de celebrar a nudez humana” – finalizou.
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Você, que está lembrado de escândalo em Porto Alegre, aquele ocasionado por exposição que continha imagens de nudez, pode destacar três aspectos do relato acima. (Só para efeitos de comparação…) Primeiro, o tipo de notícias publicadas em jornal. Segundo, a maneira como se encara uma exposição de arte. Terceiro, a ideia de que visualizar nudez seria mais perigoso para as crianças do que o contato com violência, pobreza e ignorância.