Passou o dia das Mães. Passou o dia da Família. Isso me fez pensar no que está acontecendo com as famílias. Mas ainda não era suficiente para um texto. A decisão realmente a cerca do tema dessa crônica veio com a reunião de pais da única escola pública de Ensino Médio do nosso município: o Guararapes. E, diga-se de passagem, bela e proveitosa reunião. Emociona quando há participação de pais em reuniões de pais. Isso mostra a responsabilidade que estes pais têm com seus filhos e é uma prova de amor que dão aos seus.
Impossível, eu, como professora e estudiosa da Educação, não fazer um entrelaçamento entre educação e família. A família cada vez vem delegando mais à escola o papel que cabe a ela. A educação precisa vir de casa, porque, por melhor que seja a escola, ela não vai conseguir fazer esse papel.
As escolas estão percebendo a falta de valores das famílias e estão, nitidamente, pedindo socorro e ajuda dos pais, pois vivemos em momentos muito difíceis e que exigem, urgentemente, uma resposta. E, a partir da reflexão-ação vamos conseguir ajudar a eles, nossos filhos e alunos.
Cada vez mais os filhos em idade escolar, e muitos do Ensino Médio estão com a saúde mental comprometida. Aumento de depressão, ansiedade e casos de suicídio preocupam muito.
Onde estão as famílias? Como está a instituição família? Estudos mostram que estão perdidas as famílias. No passado, pais extremamente rígidos; nos dias de hoje, talvez muito permissivos. Tônica atual, deixar fazer tudo e retribuir, a ausência de pais que num ritmo frenético trabalham, através de bens materiais.
Ajudar os filhos significa ensinar coisas básicas e simples. É entender grandes lições do passado. Uma dessas ‘coisas’ é a paciência. Ter paciência com crianças e adolescentes é vital, pois a melhor pedagogia de ensinar é repetir. É só lembrar como você aprendeu a arrumar a cama, escovar os dentes, até mesmo a tabuadas. Lembras?
É preciso preservar a autoridade e não delegar aos outros, especialmente quando são problemas. Não culpe a escola nesses casos!
Aprender a esperar é outra coisa importante que a família parece não mostrar mais aos filhos. Hoje, a resposta está sendo imediata. Quando não é imediata, ela faz birra, chora e então, os pais estressados, dão a resposta. O que a criança entenderá? Que não precisa esperar nunca. É preciso ensinar a esperar, dessa forma, também na escola saberá que há momento para tudo e saberá fazer fila, esperar a sua vez para perguntar, para ir ao banheiro, para ouvir os outros.
Ensinar a controlar as emoções, pois muitas famílias irritadas, não seguram as emoções e explodem na frente das crianças, remetendo a elas que podem fazer o mesmo com qualquer frustração. De forma metafórica, quando ganha um ‘não’ de um professor ou quando o mesmo não deixa sair da sala, será motivo suficiente para uma explosão de raiva.
A interação com o adulto já comprova o desenvolvimento e a promoção da inteligência. É hora de a família instituir essa interação diária. E são nesses momentos que podemos colocar regras, valores, limites. Nesse caso ela ganha interação com qualidade.
Eu me sinto pertencente à família se sou incluído nas tarefas domiciliares, se participo da conversa, se faço parte das atividades e do lazer com os meus pais. Espelhamos os valores e a mentalidade da minha família na sociedade. Aprende-se em casa com pequenas ações e atitudes. Exemplos negativos também servem para ensinar. Porque todos erramos, mas se explicado serve para que o filho não o repita.
Vivemos e estamos escutando muito a expressão de psicólogos e psiquiatras, em relação às famílias: uma tragédia silenciosa. Educamos os filhos para terem respostas rápidas, a questionarem tudo, a resolver no grito, a fazer o que querem e, se há muito problema, entreter os filhos com tecnologias. O celular resolve tudo. Viciados em tela, mimados, isolados, sem responsabilidades, sem compromisso e ideias de pertencimento a família, vão fazer o que na sociedade, no mercado de trabalho?
A criança olha os modelos que vê, como quando o pai trata a mãe e vice-versa, os gritos em casa, enfim, os exemplos. Que exemplos estamos dando quando não entendemos que o aluno tira uma nota abaixo, quando perde um jogo ou quando é reprendido?
Somos responsáveis pelos filhos que deixamos para a sociedade. Pensar no nosso agir é uma prova de amor.
Um abraço especial a quatro mães que me lembro nesse momento, dentre tantas queridas que temos e que são minhas leitoras! A elas, Sabrina (mãe do Gibson), Estela ( mãe da Maria Clara), Marlene ( mãe do Pedro) e Amanda (mãe da Isabelly).