Durante 16 vezes a diarista Darlene Dellazeri Rohde, 45, tentou em vão, passar os testes de autoescola para fazer a primeira carteira de habilitação.
A prova teórica foi fácil de alcançar: com estudo e resignação, Darlene foi assertiva nas respostas e acertou as perguntas.
O que a deixava com “embrulho no estômago”, era mesmo tentar colocar em prática na hora do teste. “Dava um nervoso, eu não tinha muita experiência e o pior era acertar a baliza”, conta a motorista recém-habilitada que agora vai fazer faxinas motorizada e aproveita para levar a filha na escola ou nas atividades de rotina.
Durante dois anos, Darlene tentou fazer as manobras certas para receber a carteira. Mas durante 16 vezes foi reprovada: o processo para conseguir a tão sonhada habilitação foi árduo.
Ela trocou três vezes de instrutores, investiu em aulas práticas, treinou as demarcações da baliza. O Detran estabelece que quem não colocar o veículo na área balizada em até três tentativas, será reprovado.
A baliza se tornou um desafio a ser vencido, então, Darlene insistiu e trocou o método. Na última vez, contratou instrutores de Lajeado: começou a dirigir no tumulto de uma cidade com maior trânsito, viveu o movimento dos semáforos e entendeu que é preciso uma certa coragem para se conduzir na direção. Apagar o motor, esquecer o pisca ligado, usar de maneira incorreta a embreagem foram ficando para trás.
E no último mês, ela passou pelo teste final: conseguiu inserir o veículo na baliza e vibrou com a vitória.
A primeira viagem com a carteira foi um passeio muito familiar: levar a filha para o jogo de vôlei. “Agora, está muito melhor, pois há facilidade de locomoção.”
O CARRO FOI HERANÇA DO PAI
Durante quatro anos, Darlene trabalhava nas casas de Arroio do Meio se locomovendo de bicicleta. Do Bairro São Caetano para o Centro, ou para a Barra da Forqueta, o transporte era sempre pelo pedal.
Quando o pai faleceu, deixou na herança um Gol 1995 que estava parado na garagem.Darlene observava o veículo e entendeu o ótimo uso que ele teria com carteira de habilitação.
Foi desta forma que ela insistiu por 17 vezes: para ter acesso ao veículo do pai.
“Meu marido me incentivou muito a buscar a carteira, mesmo que muitas vezes, eu tenha desejado desistir.”
Agora, devidamente habilitada, Darlene entendeu uma mensagem poderosa: a persistência conduz ao caminho certo. A vida é trânsito. E é preciso tentar o tempo todo.
CANDIDATO DEVE DORMIR BEM NA NOITE ANTERIOR
O coordenador do rotativo de Arroio do Meio, Luis Bruxel, observa as pessoas no trânsito e percebe que o nervosismo prejudica os candidatos da primeira habilitação. “Geralmente, quem faz a primeira carteira se sente nervoso e sofre de ansiedade. São duas características que ajudam a reprovar.”
Segundo ele, realizar a baliza de forma certa e não deixar apagar o veículo são habilidades importantes para garantir a aprovação. Muitas vezes, essas manobras não são executadas perfeitas porque a pessoa dormiu mal na noite anterior preocupada com a prova.
Para que o teste tenha êxito, Bruxel orienta o candidato a praticar mais aulas práticas. “Tem gente que não quer pagar por três aulas a mais, mas são essas aulas que vão dar a base prática e a confiança para dirigir”
Engana-se quem pensa que mulher reprova mais. “Na verdade, elas são mais cuidadosas e estudam mais para o trânsito”, salienta ele.
Bruxel ensina a fazer a baliza perfeita para vencer o desafio.
- – Ter tranquilidade na hora da manobra
- – utilizar os dois espelhos
- – o carro em que você dirige deve se alinhar ao da frente e a manobra toda deve ser controlada pelos espelhos
- – Verifique o espelho direito ao tentar entrar no meio dos dois veículos e vá cuidando os limites
Piores erros dos candidatos
- desobedecer à sinalização semafórica ou de Parada Obrigatória;
- avançar sobre o meio fio;
- não sinalizar com antecedência a manobra pretendida ou sinalizá-la incorretamente;
- interromper o funcionamento do motor, sem justa razão, após o início da prova;
- fazer conversão incorretamente;
- não colocar o veículo na área balizada, em no máximo três tentativas, no tempo estabelecido;