Estudos do Conselho Mundial de Viagens e Turismo apontam que atividade turística deve movimentar US$ 9,5 trilhões na economia mundial em 2023. O valor representa 9,2% do PIB mundial. Neste ano, o setor também deve criar 24 milhões de empregos no mundo.
O órgão global de turismo prevê que o setor aumentará sua contribuição para o PIB para US$ 15,5 trilhões até 2033, representando 11,6% da economia global, e empregará 430 milhões de pessoas em todo o mundo, com quase 12% da população empregada no setor.
No Brasil o turismo será responsável por quase 8 milhões de empregos e 7,8% do PIB até o fim de 2023. Os players do mercado têm enxergado com otimismo os próximos anos do turismo no Brasil – seja internacional ou doméstico.
Segundo o relatório Panorama da Hotelaria Brasileira de 2023, o setor prevê a construção de 108 novos hotéis nas cinco regiões do país. Isso deve atrair um investimento na ordem de R$ 5,7 bilhões.
Ao todo, serão quase 18 mil novos quartos distribuídos por 93 cidades que, em sua maioria (78%), estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste. O estudo trouxe ainda que 7 em cada 10 novos hotéis estão sendo construídos no interior.
No RS, a Secretaria Estadual do Turismo RS (Setur-RS), comandada por Vilson Covatti, quer dobrar, em dois anos, a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB), passando de 4% para 8%. A ideia é apresentar os produtos de forma qualificada e com profissionalismo, reforçando as estratégias de divulgação das 27 regiões turísticas do Estado. Uma das metas é ampliar os voos para o Estado e atrair inclusive turistas de fora do Brasil. Em Santa Catarina, a participação do turismo representa 12% do PIB.
Para realizar um mapeamento e acompanhar a evolução e o crescimento do segmento hoteleiro, Setur lançou o Censo Hoteleiro de Porto Alegre (Edição de 2023). A pesquisa busca identificar, quantificar e levantar o potencial do setor para o Turismo e para o desenvolvimento econômico e social do Estado, além de avaliar a infraestrutura do segmento hoteleiro e as condições em que os estabelecimentos se encontram.
A SOLIDIFICAÇÃO DO VALE DOS MONUMENTOS
No Vale do Taquari, investidores acreditam que conceito Vale dos Monumentos, poderá solidificar ainda mais o turismo regional, que tinha até então como principal chamativo o “Vale do Acolhimento” e atrativos âncora restritos – V-13 e Trem dos Vales, que em 2022 realizou 60 passeios que atraíram 35,8 mil turistas para a região, gerando um incremento estimado de mais de R$ 10 milhões na economia regional. Para a temporada 2023, a projeção da organização é de que mais de 45 mil visitantes realizem os passeios, injetando cerca de R$ 12 milhões na economia regional. No total estão previstos mais de 360 mil turistas por ano circulando pela região, nos próximos três anos.
A proximidade com Gramado, Bento Gonçalves e Porto Alegre, é visto como positivo para ampliar um eixo já existente, para um círculo de 408km, considerado uma distância curta para quem está a turismo.
O empresário Gerson Eusébio Zanchetti, que é um dos investidores do Complexo Cultural do Gaúcho, destaca ainda que o Vale do Taquari está mais próximo das principais Capitais do Merco Sul, que o RJ e SP. E, que a Região Sul tem melhores índices de segurança que outras regiões do Brasil, além da boa qualidade no atendimento. “Informações preliminares e extraoficiais do Cristo Protetor que ainda está em construção, evidenciam que a vinda de visitantes de todas as regiões do Brasil e América Latina. Muitos gaúchos que saíram do RS para empreender Brasil e mundo afora, farão questão de voltar para conhecer o Vale dos Monumentos e outros atrativos do RS”, ponderou.
MAIS DE 3,5MIL LEITOS DISPONÍVEIS
O início da construção do Cristo Protetor em julho de 2019, estimulou uma série de investimentos em diferentes estabelecimentos em todo Vale do Taquari e transformou ainda mais as perspectivas de um segmento considerando cada vez mais importante para economia.
Até então região possuía 58 estabelecimentos regularizados entre hotéis e pousadas, 1.475 quartos e mais de 3,5 mil leitos disponíveis, de acordo com levantamento feito pela Amturvales. Para os próximos três anos estão projetados mais 900 leitos com vocação para o turismo e 2 mil acomodações de gastronomia.
Por ser polo regional, Lajeado ainda lidera o número de estabelecimentos (8) e leitos (1,1 mil). Com a construção de sete novos albergues/alojamentos e seis novos hotel/pousadas, Encantado ultrapassou Teutônia em número de leitos, chegando próximo a 300 vagas, 25 a mais que Teutônia.
O ranking é seguido de Estrela e Arvorezinha com 160 e 150 leitos, e três estabelecimentos cada. Arroio do Meio vem na sequência com dois hotéis que somam mais de 110 leitos.
O Moínho da Luz, possui cerca de 90 leitos e o valor da estadia gira entre R$ 100 para quartos individuais chegando a R$ 265 para quadros quádruplos, com café da manhã e estacionamento inclusos. Segundo os responsáveis, há no momento mais presença de turistas entre o público que até então era predominante de representantes comerciais e prestadores de serviços.
De acordo com o secretário da Indústria, Comércio e Turismo, Jonas Reinaldo Schwarzer, há pelo menos mais sete estabelecimentos que funcionam enquanto pousadas, chalés e locações mais restritas voltadas para o turismo – Morada dos Anjos, Pousada da Vó Lúcia, Sítio Feil, Recanto Alto da Ventania, Casa da Montanha e Bella da Montanha.
Nos demais municípios de área de cobertura do AT, destaque para Marques de Souza que conta com um hotel no acesso ao bairro Cidade da Água na BR-386 e duas pousadas em Tamanduá e uma Bela Vista do Fão, totalizando 40 leitos; e Pouso Novo que conta com um hotel na BR-386 e e uma hospedaria em Arroio Leite totalizando 68 leitos. Capitão possui apenas um sítio com uma cabana e Travesseiro nenhuma opção, assim como Roca Sales.
PÓRTICO, EVENTOS E INCENTIVOS – O secretário da Indústria Comércio e Turismo de Arroio do Meio, Jonas Reinaldo Schwarzer, destaca uma série de iniciativas lideradas pela pasta ao longo dos últimos 30 meses. Entre elas a construção de um pórtico no acesso a cidade, de um belvedere no bairro Navegantes e a realização e apoio a eventos públicos diversos, como a Feira Gastronômica, que ocorre em 09 de julho, Feira Agrícola, Imove, eventos esportivos como Motocross, Velocross, Trilhas e Montanhas, Ciclismo, entre outros.
Recentemente a secretaria realizou um inventário e diagnóstico turístico do município. “Temos concedido incentivo para entidades (roteiros) participarem de feiras em outros municípios, como na Estrela Multi Feira e na Expovale.
VALE TEM POTENCIAL PARA TRIPLICAR NÚMERO DE LEITOS
Entusiasta do turismo há 20 anos, o empreendedor turístico Alício de Assunção, destaca que a região sempre teve vários atrativos, no entanto, nos últimos anos começaram a ser apresentados de forma mais organizada, paralelamente ao que surgiram novos empreendimentos. Contudo observa a necessidade de qualificação para atrair mais turistas do que meros visitantes. “É necessário ter em mente que o turista é que fica mais dias e consome mais. E visitante é quem passa algumas horas, o conhecido bate-volta. Em termos de hotéis e pousadas, quem se organizar primeiro, vai ter vantagem no mercado. Como em qualquer negócio, não há espaço para amadores e a reinvenção é diária. Ser hospitaleiro não é um diferencial, é uma obrigação. Vão faltar leitos com o Vale dos Monumentos. A região tem espaço para triplicar a hospedagem. Todos os 40 municípios tem roteiros. Ideal são novos estabelecimentos que tenham pelo menos vaga para 50 pessoas (um ônibus) com café da manhã.”
MUNICÍPIO CARECE DE INVESTIMENTOS BÁSICOS PARA INFORMAR TURISTAS
O presidente do Conselho Municipal do Turismo (Comtur) de Arroio do Meio, Joner Frederico Kern, salienta que não é só o Vale do Taquari, mas sim, todas as regiões do RS estão buscando mais turistas. Essa visão ficou mais clara após Joner representar o Comtur e a Amturvales em Congresso estadual realizado Recanto Maestro em Restinga Sêca.
O empresário destaca que assim como outros negócios, o turismo depende um conjunto de fatores e setores interlaçados. Partem da gama de atrativos turísticos para diferentes tipos de público, rede de hospedagens e uma mão de obra qualificada que está ciente de que a jornada de trabalho é aos fins de semana e enquanto trabalhadores de outros segmentos estão descansando..
Além disso, cita a necessidade dos próprios estabelecimentos de forma unida e individual, gerarem demanda para seus serviços e produtos, por meio da divulgação e venda direta e indireta para diferentes nichos de público (agências, instituições e empresas) garantindo frequência para viabilizar o funcionamento e a atuação de um quadro de colaboradores.
Por isso entende a necessidade do poder público injetar verba para estruturar questões básicas. Como a criação de um centro informações para os turistas, placas de sinalização, políticas públicas voltadas para comunidade ter mais conhecimento cultural dos estabelecimentos existentes e uma série de ensejos profissionalizantes. “Ideal seria dispor de pelo menos de um cargo técnico contratado por meio de concurso público. Mas na falta de pessoal para prestar atendimento a turistas e visitantes num centro receptivo de informações, no mínimo deveria existir um mapa acrílico, com QR Codes ou um toten”, defende.
Kern observa que boa parte do público que circula pelo Vale do Taquari ainda é visitante – vai e volta num mesmo dia – e que o aumento de turistas depende de mais investimentos na rede hoteleira e de hospedagens. “Se não houvesse boas perspectivas quanto ao volume, o Laghetto não estaria investindo por aqui. No entanto, não vai suprir toda a demanda sozinho. Há espaços para investimentos nos demais municípios da região”.
Joner reconhece que a maioria dos estabelecimentos dos roteiros existentes no município é de origem familiar, mas a expansão exige profissionalismo. “O Duas Meninas Garden começou dessa forma em 2018. Tínhamos a experiência da Cabanha. Implementamos uma série de atrativos buscando proporcionar vivências para as famílias e comunidades escolares, especialmente para as crianças, em um parque pedagógico que proporciona o trato para animais, conhecimento de pomares, hortas, melipunicultura, trilhas sensoriais, entre outras atrações, além de um cactário. Chegamos a receber 200 crianças instantaneamente. A frequência do público está crescente. Contamos com o apoio de 12 colaborares, que atuam em diferentes frentes” detalha.