Na próxima terça-feira, dia 1º, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e Sindicatos dos Trabalhadores Rurais irão se mobilizar no município de Porto Xavier, fronteira com a Argentina, para protestar e chamar a atenção para o problema sofrido com importações de produtos lácteos de países do Mercosul, que está desvalorizando a cadeia leiteira nacional.
De acordo com a coordenação das Regionais Sindicais e a Comissão Estadual do Leite, a concorrência é considerada desleal, pois os produtores dos países vizinhos recebem grandes subsídios governamentais e são beneficiados pelo menor custo de produção, fatos que desestimulam a continuidade das famílias brasileiras na atividade.
Segundo nota da Fetag é inaceitável que o Brasil, país com grande potencial e um dos maiores produtores de leite do mundo, não consiga proteger seus produtores e permaneça de “braços cruzados” assistindo inúmeras famílias abandonando a atividade.
Pelo menos um ônibus com representantes dos principais municípios produtores de leite do Vale do Taquari, irá acompanhar o manifesto. O assessor regional da Fetag-RS, Marcos Hinrichsen, destaca que o momento é preocupante considerando o alto custo de produção acima dos R$ 2 e dos investimentos realizados nas propriedades. O que desestimula a continuidade, desacelera e até paralisa a produção, pela falta de retorno. O maior impasse é em torno do leite em pó importado por R$ 20 o kg, sendo que o custo de produção no Brasil é de R$ 27. “Neste cenário as multinacionais tem alternativas mais vantajosas, pois diluem o leite em pó importado na produção de derivados em geral”, explica Hinrichsen.
O presidente do Conselho de Desenvolvimento Agrário de Arroio do Meio (Conar ) Diego Ismael Lansing, revela que o preço pago ao produtor vem despencando há pelo menos dois meses e que o ideal seria que a cotação mínima fosse de R$ 2,6 para manter a segurança econômica das propriedades.
“É um assunto um pouco mais complexo porque a população consumidora é a maioria e não tem poder de compra. Principalmente os mais pobres, que não tem condições de pagar um preço justo para que o produto remunere quem produz. Já o governo mostra que está preocupado com o consumidor e não com o produtor. Neste cenário muitas empresas que se preocupam só com o lucro acabam comprando esse leite de fora e ajudam a derrubar o preço interno. As cooperativas que tem mais compromisso com seus associados acabam sofrendo mais. Por isso entendo que tem que haver mais compromisso das frentes parlamentares do agro em defenderem melhor essas questões, porque colocar o povo na rua é considerado antidemocrático mesmo de forma pacífica e ordeira, sem quebrar nada”, dimensiona.
A família Lansing tem propriedade no Morro Leão e é produtora de leite desde a década de 1970.
• Bovinocultores de Leite em Arroio do Meio: Languiru 80 produtores; Cosuel 50; Dom Miro, 53, Indústria de Alimentos Estrela, 15 e Lactalis 11.
Total 23.258.431,70 litros de leito produzidos em 2022.
• Bovinocultores de Capitão: Cotrilac 30; Dália 14; Dom Miro 8; Indústria de Alimentos Estrela 10; Lactalis 4; Languiru6; e Tangará 4. Total 5.956.427 litros de leite em 2022.
° Bovinocultores de Marques de Souza: Cosuel 41; Cotrilac 22; Lacmax 48; Lactalis 6; Miralac 33; Latvida 10; Italac 2; e Languiru 8. Total 8,5 milhões de litros produzidos em 2022