Quem não é dono de cargo eletivo e não tem uma suplência, o que em algumas Câmaras de Vereadores possibilita assumir por algum período, por oportunidade a quem ajuda formar bancada, tem que ter um empenho muito maior para conquistar uma vaga nas eleições de 2024. Aos menos são as perspectivas. Quanto mais cedo começar o trabalho junto às bases, na conversa com o eleitor, para saber suas aspirações, necessidades, melhor para obter empatia e confiança transformados em votos para o partido ou individualmente para o candidato. O nosso sistema eleitoral permite que para ser candidato basta o vereador ter acima de 18 anos, ser alfabetizado, sendo homem, ter certificado de reservista. Outra exigência é que cada partido precisa individualmente atender a quota mínima de 30% de candidaturas femininas. De um modo geral, ser político virou uma aspiração, a começar pela vereança, que pressupõe desempenhar adequadamente o seu papel que é de fiscalizar os atos do Executivo, aplicação de recursos orçamentários e votar matérias importantes como impostos, saneamento, educação, saúde, estradas e que digam respeito ao bem-estar da população. Infelizmente a falta de qualificação técnica, conhecimento para analisar projetos, interpretar leis e votação coerente e assertiva podem ser entraves para o desenvolvimento, assim como quando as votações são meramente politiqueiras para benefício de manutenção do cargo ou poder. Esta realidade se observa tanto em Câmaras de Vereadores, quanto Assembleias Legislativas e Congresso. O vereador pode ser reeleito de forma ilimitada. O cargo lhe facilita o contato com o público e quando acumula uma função pública na prefeitura, especialmente se aquela função lida diretamente com as pessoas pode ser beneficiado na medida em que exercer o cargo de forma que atenda necessidades da sociedade. Cargos em funções estratégicas como Saúde, Obras, Agricultura, Educação dependendo do servidor ou município podem representar um privilégio extra.
2020 – 2024 – A corrida para as eleições de 2024 será bem diferente da de 2020, que ocorreu em plena pandemia da Covid-19 que restringiu encontros e visitas físicas. Havia inclusive a incerteza se as eleições seriam ou não realizadas, mas depois de adiadas para o dia 15 de novembro no primeiro turno e 29 de novembro segundo turno transcorreram conforme votado pelo Congresso e de acordo com o TSE que adequou o calendário eleitoral para ser cumprido.
TETO DE CANDIDATOS SERÁ MENOR Novidade das eleições do ano que vem para candidaturas a vereador é a redução do número de candidatos. Cada partido poderá colocar apenas o número de vagas existentes na Câmara mais um. Ou seja: em Arroio do Meio cada partido pode colocar no máximo, 12 candidatos, porque temos 11 vereadores. Nas eleições passadas, o MDB teve 16 candidatos, elegendo seis; o PP 16 candidatos, elegeu 4; o PDT, 9 candidatos, elegeu um; o PT 6 candidatos não elegeu ninguém, assim como o PTB que tinha dois candidatos, também não conseguiu fazer o número mínimo para ocupar uma vaga. Nos dois partidos, – no PTB o Djonata Noronha fez 404 votos, contou com o apoio do pai Kiko Noronha que foi impedido de concorrer e no PT, o mais votado foi Paulo Grassi com 245.
REELEIÇÃO E RENOVAÇÃO – Das 11cadeiras de vereador em Arroio do Meio, nas eleições passadas houve renovação de três. Alessandra Brod (PP), Paulo Backes (PDT) (que vota e forma base com a administração Danilo e Adriana) e Paulo Heck (MDB). Entre os então ocupantes de cadeiras legislativas, Darci Hergessel (PDT), que sempre fazia boa votação não concorreu, nem Luis Both (PDT). Outro que não concorreu foi Kiko Noronha (PTB) por questões legais. Se tivessem concorrido, a reeleição teria sido 100%? A pandemia favoreceu a reeleição? Para as próximas eleições, nos bastidores se fala que a maioria deve tentar a reeleição. A vereadora Adiles Mayer (MDB) tem dito que não vai concorrer. Porém, até a oficialização de candidatos falta muito tempo. Mas é um cenário em que novos candidatos terão que ter boas estratégias, criatividade e muito trabalho pela frente, não só pela presença e necessidade de renovação política que é salutar, mas pela frágil democracia que avança no discurso, na teoria, mas na prática … nem tanto.
PREGANDO DISCÓRDIA – Não se pode ficar alheio aos fatos. É importante que se acompanhe o que acontece no país. Felizmente isto ainda é possível. São lamentáveis as falas do Presidente da República. Quando se manifesta de improviso, o presidente faz o mesmo discurso de sindicalista que fazia há 40 anos e pregando divisão, em nome de uma falsa ou relativa democracia. Em discurso na posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos no ABC paulista clamou: “…Derrotamos o Bolsonaro, mas não os bolsonaristas. Os malucos ainda estão nas ruas, ofendendo pessoas…” Em episódio recente, um ministro do STF da mais alta corte foi na mesma linha num encontro com estudantes: “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo, para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”. Quando ouço estas falas e centenas de outras, como “ extirpar essa gente” que podem ser acompanhadas pela internet ao vivo, fico pensando nos 49,1% de eleitores (mais de 58 milhões ) que votaram no ex-presidente espalhados pelo Brasil e de um modo especial daqui de Arroio do Meio e outros da região onde Bolsonaro foi mais votado que Lula, que no resultado geral se tornou nosso presidente me pergunto: para onde vai o Brasil se quase a metade dos eleitores são considerados malucos e manés, como também disse um supremo? Por mim, entendo que estes “malucos e manés” merecem sim respeito porque na sua maioria, ao se manifestarem, ou estando em silêncio também fazem a sua parte pelo Brasil.