Li na revista Exame, um artigo bacana sobre costumes e moda nos dias atuais. Entrevistaram a empresária, estilista e influenciadora ítalo-brasileira Anne Garcia, que afirmou serem, na verdade,
as pessoas comuns que espalham as tendências pelo mundo, “as marcas pesquisam os nossos gostos, observam as ruas” disse ela com muita convicção. Mas agora, com a explosão rosa da Barbie, passei a acreditar que a esguia boneca da Mattel, também vem influenciando gerações. Tudo isso iniciou com a
estilista norte-americana Carol Spencer que, na metade dos anos 60, criou os primeiros modelitos da boneca Barbie, chamando a atenção das meninas que passaram a colecionar e a querer imitar
em suas próprias vestes. Ou seja, Barbie foi a primeira influenciadora do mundo da moda. Ou estou errado? Um amigo advogado, que trabalha no Centro Histórico de Porto Alegre me relatou a história de uma jovem que apareceu em seu escritório toda vestida em tons rosa. Ela entrou risonha, feliz. Dona de si. Só que chamava mais atenção por vestir uma calça legging tão justa que temeram o pior quando
Barbie e uma legging rosa curvou-se para resgatar, em uma imensa bolsa rosa, o celular de capa igualmente rosa que disparava Barbie, a trilha sonora do filme. Tudo a ver! Por sorte, aconteceu o melhor. Nada se rasgou e a moça permaneceu íntegra, os rapazes eriçados e as mulheres, lívidas! “Falta de senso estético, de respeito”, era o que mais cochichavam. “Isso é roupa de happy- hour, shopping”,
sentenciaram aflitas, sob a concordância cínica dos machos da sala. Todas garantiam que a Barbie original se vestia com elegância, nunca exagerava. Estavam corretas, mas aí, lembrei a afirmação de Anne
Garcia, no primeiro parágrafo deste artigo. Alguém também pode estar observando as meninas que vestem legging rosa justíssima. E daí, quem sabe, uma nova tendência ao vestir as bonequinhas.
O estagiário que estava só ouvindo, resolveu dar seu pitaco. “O que é moda não incomoda”, e disse que sua irmã, e amigas, sentiam inveja quando outra chamava mais a atenção. “Você está um arraso!”, diziam, mas no fundo, a leitura verdadeira era “você me deixou arrasada!” Os colegas riram da observação, mas assim que dispensaram a jovem da legging polêmica, combinaram formar um grupo e assistir ao
filme dirigido por Greta Gerwig e que vem lotando cinemas. Se me pedissem uma opinião, lembraria que nos mesmos anos 60, uma outra jovem estilista inglesa, Mary Quant, criava a minissaia, provocando furor e censura. Mas as gurias mal saiam dos vigilantes olhos familiares e dobravam as saias bem acima dos joelhos. O mundo não acabou e hoje, as tribos modernas decidem o que e como vestir. Os olheiros do
bem, ou do mal, que se virem. Concordo que no ambiente de trabalho, é preciso moderação.
Esse mesmo estagiário, precisou ser convencido a usar algo menos sugestivo do que os bonés, as calças de fundilhos caídos, típicos do mais radical rapper. Um ótimo guri, mas o preconceito alheio estava causando estranheza em clientes mais conservadores. Assim como a menina e sua legging maravilhosa mas deslocada (ao ambiente, porque no corpo parecia perfeita), chamava muito a atenção. E cá entre nós, a ousadia na moda, para muitos homens, é sempre gostosa de se ver, especialmente vestida nas outras mulheres. Com as deles, juram que não cai muito bem.