A temperatura mínima mais elevada e nenhuma geada expressiva tornam o inverno de 2023 completamente incomum em relação média histórica no RS. Entretanto, as definições sobre o momento certo para o plantio são uma incógnita.
O técnico agrônomo da Emater/RS-Ascar, Elias de Marco, destaca que o último mês da estação mais fria até pode trazer surpresas, porém, ressalva que nem os institutos de meteorologia estão acertando nas previsões, citando como exemplo o ciclone extratropical, que não refletiu em impactos relevantes em muitos municípios. “Os cientistas já alertavam há 30 anos sobre oscilações na temperatura com o aumento do efeito estufa na camada de ozônio”.
Na região, a maioria dos produtores que adiantou o plantio do milho já está com as lavouras formadas. Entretanto o custo de produção tem variado, em relação ao momento de compra dos insumos, qualidade das variedades e formas de pagamento. As cotações do início do inverno (entressafra) quando havia mais estoque já reagiram e grande parte dos agricultores está descapitalizada – em decorrência de três estiagens seguidas, altas bruscas no custo das safras passadas e crises na proteína animal e leite – precisando recorrer a custeios ou parcelamentos.
Paralelamente políticas públicas voltadas a produção de fertilizantes, importações e cenário internacional também refletem no agro. “No início governo Bolsonaro a Petrobras produzia fertilizantes com prejuízo, e decidiu fechar três fábricas, pois era mais barato importar. Mas a pandemia e guerra entre Russía e Ucrânia trouxeram uma reviravolta no mercado mundial. Em seguida a Petrobras anunciou maiores investimentos da América Latina no segmento, e as cotações caíram mais que pela metade. Os custos estavam inviáveis para quem produz proteína animal. As baixas ainda não chegaram aos tratores e implementos que seguem com preços muito elevados”, observa De Marco.
INSUMOS 50% MAIS BARATOS EM COMPARAÇÃO COM SAFRA PASSADA
O proprietário da Agritech, Fabrício Müller, destaca que a maioria dos insumos teve redução superior a 50% em relação a safra passada, pois boa parte da matéria prima é importada.
No momento o saco de 50kg do adubo está cotado a partir de R$ 130 e o de ureia em R$ 150. Valores que estavam próximos a R$ 300 no início da safra 2022/2023 quando havia escassez de insumos. Glifosatos tiveram uma redução de até 80% no valor e fungicidas e inseticidas 20%.
A semente de milho subiu em média de 20 a 25%. O preço do saco parte de R$ 600 e pode chegar a R$ 1,5 mil dependendo a tecnológica genética. Em média são utilizados 1,2 saco de sementes por hectare, seis sacos de adubo e seis sacos de ureia. O custo de implantação custa a partir de R$ 4,5 mil o hectare com o serviço de máquinas.
A soja ainda está na fase da venda de insumos, mas a tendência é que o preço da semente tenha uma redução de até 10%. O custo de sementes por hectare varia muito. Mas os preços são inferiores aos da cultura do milho e as lavouras de soja usam menos adubo e nada de ureia.