“A tecnologia avança e quem não se atualiza, dança.” O autor desconhecido, com a frase, tinha o intuito de alertar aqueles que deixam de buscar a constante modernização, para não ficarem para trás nas atualizações cibernéticas e acabarem ‘dançando’. Porém, mal sabe ele que, em Arroio do Meio, os jovens estão dançando.
E cantando, e tocando, e praticando esportes. Quando não estão na escola, ou estudando e praticando em casa, ao invés de ficarem vidrados em frente a uma tela eletrônica, uma boa parte dos adolescentes arroio-meenses está atenta ao professor, que ensina um novo passo de dança, uma técnica vocal diferente, um acorde diminuto ou, ainda, a melhor maneira de bater na bola.
Entre escolas esportivas, escolas de música, grupos de danças e atividades extracurriculares oferecidas pelas escolas do município no turno oposto, mais de 600 jovens da faixa etária de 12 a 18 anos estão envolvidos em alguma dessas práticas.
Os irmãos Gabriel e Rafaela Dorigon, moradores do Centro, desde antes dos cinco anos de idade, estão comprometidos com a música. Começaram as aulas na Escola de Música Josélia Jantsch Ferla e continuam até hoje.
Gabriel tem 15 anos e toca guitarra, violão, ukulele, piano e canta. “A música é um grande prazer, uma grande companhia que me acompanha por onde eu vou. Ela ajuda a me expressar melhor em público. Também me ajuda na capacidade de focar por mais tempo nas atividades que realizo”, conta Gabriel, que percebeu que a música é uma linguagem universal ao tocar com dois intercambistas de Suíça e Itália, sem antes treinarem ou combinarem qualquer coisa.
Rafaela tem 10 anos, ainda não chegou na adolescência, mas já se expressa como ‘gente grande’. Ela canta e toca piano. “ Eu adoro a música. Além de aumentar a concentração, a gente se desafia a aprender coisas novas. É bom ter novos desafios, não é?”
Os irmãos, além da música, treinam vôlei, fazem aulas de inglês e participam do projeto de iniciação científica do Colégio Bom Jesus São Miguel, onde estudam. No projeto, realizaram pesquisas sobre os malefícios do uso excessivo de aparelhos eletrônicos e aprenderam que ficar muito tempo conectado faz mal para o desenvolvimento da pessoa. “Nunca fomos de ficar muito tempo nos aparelhos eletrônicos, nossos pais sempre nos incentivaram a fazer outras atividades. Não ficar o tempo inteiro conectado ajuda a desenvolver outras habilidades, como ler e estudar”, explica Rafaela, que também faz aulas de patinação no tempo livre.
Gabriel relata que utiliza ‘as telas’ mais para o estudo. “A tecnologia eu uso como acessório para estudar e pesquisar o que me interessa, mas não como algo necessário, que não consigo viver sem. Aproveito o que ela oferece de bom, sempre com controle.”
A mãe da dupla, Nádia Dorigon, incentiva os filhos. “Acho muito útil envolvê-los em atividades educativas, que tiram eles de dentro de casa e fazem com que eles tenham contato com pessoas e com novos aprendizados para que eles sintam o mundo de uma maneira diferente e não somente através das telas.” Sobre a música, ela acrescenta. “Eles desenvolvem a concentração e controlam melhor a ansiedade, além de trabalharem a autoconfiança e explorarem um lado mais sensível, ligado à arte e à cultura.”
Dança que contagia
Paola Taís Pederiva, 17 anos, moradora do bairro São Caetano, desde os quatro anos participa do grupo de danças Helmuth Kuhn. Ela avalia a experiência de dançar e se apresentar para o público.
“Sempre tive o incentivo dos meus pais para dançar. Participar do grupo trouxe novas pessoas e amizades para a minha vida. Poder levar a tradição alemã para os lugares onde vamos nos apresentar é muito gratificante. Ver a surpresa e alegria do público, mostra que todos esses anos de aprendizagem valeram a pena.”
Paola espera ansiosamente pelos domingos de ensaio. “Aprender novos passos sempre nos deixa contentes. Espero ansiosamente pelos domingos de ensaio para poder encontrar colegas e professores. A professora Fabi nos acolhe muito bem e nos ensina da melhor forma possível. Tenho admiração pelo grupo e por tudo que ele representa. É uma família incrível. Amo fazer parte de tudo disso.”
Fabiane Petry, coordenadora das categorias infantis e juvenil do grupo de danças Helmuth Kuhn, fala sobre os desafios de manter os jovens interessados. “Tentamos sempre inovar, fazer algo novo, porque o material de danças típicas é limitado e os dançarinos tem bastante energia e buscam por desafios e coisas diferentes. Por isso, também procuramos oferecer outras atividades. Sempre digo que a dança é 50% do grupo, os outro 50% são a amizade e integração.” Os ensaios ocorrem a cada 15 dias, nas sextas-feiras e nos domingos à noite.
Gêmeos no vôlei
Os irmãos gêmeos Augusto e Henrique Bildhauer, 16 anos, moradores do bairro Dona Rita, ingressaram recentemente na escolinha de vôlei da Associação Arroio do Meio de Esportes (AME), coordenada pelo professor Mateus Scheid, e pretendem continuar ainda por muito tempo. “É algo muito positivo para a nossa vida, porque faz a gente sair de casa, sair da frente do computador.”
Eles apontam os benefícios de participar da escolinha. “Além de deixar as telas um pouco de lado, a gente se exercita e aprende coisas novas sobre o esporte. Conhece novas pessoas e faz novas amizades. É muito legal essa integração entre os jovens, o que é muito benéfico para a saúde física e mental de todos.”
Os treinos de vôlei ocorrem nas tardes de terça e quinta-feira no ginásio do Colégio Bom Jesus São Miguel. O futsal é na segunda e na quarta-feira, também à tarde.
Município desenvolve atividades
Arroio do Meio, através da Secretaria de Educação e Cultura, desenvolve atividades extracurriculares nas escolas do município, no turno oposto. São disponibilizadas aulas de canto coral e oficinas de instrumentalização, bem como aulas de robótica e de língua alemã. São cerca de 200 jovens entre 12 e 15 anos que usufruem dessas práticas.
O coordenador de Cultura de Arroio do Meio, Paulo Roberto Haas, destaca a importância dessas atividades para o desenvolvimento humano dos jovens. “O município promove bastante as atividades extraclasse, a fim de amenizar os impactos do uso excessivo de videogames e redes sociais por parte dos jovens e, assim, atender a demanda dos pais que se preocupam com o desenvolvimento dos filhos.”
São diversos profissionais disponíveis nas escolas para atenderem as crianças e jovens nas atividades extracurriculares. Além disso, há a Orquestra Municipal Jovem, regida pelo professor Cristiano Leonhardt, que conta com 24 alunos, destes, 16 estão na faixa entre 12 e 18 anos, os demais são menores.
“Acreditamos que valorizar a música é investir no ser humano e possibilitar o desenvolvimento de potencialidades e habilidades”. A orquestra tem um repertório que vai da música sacra à popular, do rock ao folclórico e busca sempre executar temas diversificados e peças atuais.
O grupo já realizou inúmeras apresentações em diversos eventos na comunidade local. Possui como instrumentos: flauta doce e transversa, teclados, violinos, guitarra, contrabaixo, bateria, percussão, saxofones e trompete. Os ensaios ocorrem nas quintas-feiras, das 18h15min às 19h45min, na Secretaria de Educação e Cultura.
Quadro
Participação de jovens (12 a 18 anos) de Arroio do Meio em atividades extracurriculares
Escolas Esportivas de Base
Prata da Casa/Monsoon FC – 50 alunos (futsal e futebol)
Rui Barbosa – 100 alunos (futsal e futebol)
Associação Arroio do Meio de Esportes (AME) – 60 alunos (vôlei e futsal)
TL TRAINING Sport – 60 alunos (vôlei)
Grupos de Danças
Helmuth Kuhn – 46 alunos (juvenil e semioficial)
Frohsinn – 25 (infantojuvenil e juvenil)
Escola de Música Josélia Jantsch Ferla – 60 alunos (canto, piano, violão, guitarra e contrabaixo)
Orquestra Jovem de Arroio do Meio – 16 alunos
Atividades extracurriculares nas escolas do município – 200 alunos (canto coral, instrumentalização e aulas de robótica e língua alemã)
Total – 617 jovens