Elogiar a diversidade tornou-se moeda corrente. Diversidade é um conceito que se aplica às situações mais variadas. Um estudo que li recentemente associava diversidade com prevenção da doença de Alzheimer. Afirmava que a prática de exercícios físicos e mentais pode retardar o aparecimento da doença – desde que os exercícios sejam bem variados.
No mundo empresarial, por sua vez, considera-se que misturar perfis diferentes favorece a produtividade. Funcionários com variada formação e origem tendem a compor times mais criativos e dinâmicos – dizem os entendidos. Ou seja, diversidade na cabeça.
Tudo isso pode ser associado com o presente momento, que incentiva a revisão dos preconceitos de raça, cor, gênero, idade e orientação sexual. A sociedade está avançando para reconhecer as diferenças como naturais e a encorajar que elas apareçam na sua espontânea multiplicidade, em vez de serem abafadas, camufladas.
Bom, é exatamente nesta onda que vem chegando o livrinho infantil que me encorajo a apresentar ao distinto público. O livrinho intitula-se “O dicionário da Lili”. Confesso que nem de longe pensava em diversidade, ao escrevê-lo. Mas agora vejo que dar a palavra para uma criança em um livro infantil, também colabora para a variedade do cardápio a ser oferecido para a leitura. “O dicionário da Lili” dá chance para uma criança mostrar o jeito dela de compreender as coisas.
A ideia do livro veio com a chegada dos netos. Na altura, passei a acompanhar com mais atenção o movimento que se processa nessa fase encantadora, em que o entendimento começa a se fixar. Tentando olhar com os olhos dos pequenos, foi possível perceber o impacto de elementos do cotidiano. Antes de formular conceitos mais abrangentes, as crianças criam conclusões a partir de sensações concretas. Como o vocabulário delas é limitado, existe no livro um esforço para usar apenas palavras que podem caber no repertório infantil. É por isso que “O dicionário da Lili” diz coisas como:
“O galo é matado vivo.”
“A faca fura o sangue.”
“A noite busca os vagalumes.”
“O sol não faz barulho.”
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Bom, alguém aí pode estar se perguntando por que fazer um dicionário tão singelo, considerando que a Língua Portuguesa tem milhares de palavras. A pergunta é tão boa que não sei qual resposta escolher. Só posso dizer que gostaria de encorajar a acrescentar itens e significados a este dicionário inicial, tanto como à vida de cada um. Acredito que cada vida é uma espécie de dicionário ao qual se podem acrescentar itens e sentidos, num movimento sem fim.
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“O dicionário da Lili” vai estar na Feira do Livro de Lajeado, entre 16 a 20 de agosto. Depois, no dia 23 de agosto, também vai ser apresentado em evento no SESC Lajeado – evento para o qual, desde já, convido a todos.
“O dicionário de Lili” está à venda nas livrarias locais.