Liderados pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), cerca 1,8 mil produtores de leite gaúchos se reuniram na terça-feira, dia 1º, no município de Porto Xavier, na fronteira com a Argentina, em protesto contra o aumento das importações de leite e lácteos do Mercosul. A concentração seguiu da praça central da cidade de passeata até o porto internacional da cidade. No local, os produtores bloquearam com tratores, até o início da tarde, o acesso à aduana, por onde passam cargas procedentes de outros países.
A mobilização também reivindicou apelos dos produtores de alho, vinhos, carnes e cebola, culturas que estão sofrendo devido a entrada de produtos dos países vizinhos com preços muito abaixo da produção nacional, o que torna as atividades praticamente inviáveis para a agricultura familiar brasileira.
O presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, disse ter recebido um telefonema do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, informando-o de que à tarde haveria uma reunião interministerial, em Brasília, para debater questões do Mercosul, incluindo as importações de lácteos da Argentina e do Uruguai. Em assembleia feita no local, os produtores decidiram, então, liberar o acesso à aduana, e dar um prazo de 30 dias para o governo tomar as medidas.
De acordo com dados do governo federal, no primeiro semestre deste ano, o Brasil importou 116 mil toneladas de leite, creme de leite e lácteos (exceto manteiga e queijo), um salto de 240% frente ao volume registrado no mesmo período de 2022.
O presidente do STR de Arroio do Meio, Astor Klaus, e os produtores Hélio Berwanger e Leonardo Gräff acompanharam os protestos, que foram considerados pacíficos e ordeiros. Segundo Klaus, diferentemente de uma manifestação semelhante feita em 2018, nesta oportunidade não houve efeito imediato. São cobradas medidas contra a isenção de impostos de do Tratado de Montevidéu alteradas pelo Comitê de Comércio Exterior por meio de resolução de 19 de novembro de 2021, que entrou em vigor em junho de 2022 com prazo até dezembro de 2023.
Os produtores defendem das políticas públicas um ponto de equilíbrio entre um preço acessível para os consumidores e margem de lucro que cubra os custos de produção retroativos do impacto da Guerra entre a Rússia e Ucrânia na safra de 2022/2023, que só devem ser diluídos até o fim do próximo verão.