Uma amiga estava para comprar um carro e começou a pesquisar preços, modelos, etc. Para seu desagrado, verificou que, mesmo carros nem tão novos, vêm com uma tecnologia que excede o que ela deseja encontrar. Tem a impressão é de que há recursos demais. Ela só queria um carro que andasse – como uma vez acontecia.
Mal comparando… os arados que lavravam a terra antigamente eram dirigidos a muque e grito. Para um lado, para o outro, para frente e para trás. Nenhuma botão para apertar. No máximo, um chicote para mostrar quem mandava no pedaço. Vá ver o que é um trator hoje em dia…
O caso dessa amiga não é algo isolado. Muita gente se sente confusa com o aparato tecnológico. A nossa vida tem se enchido de opções atraentes, mas o resultado nem sempre é positivo. Frequentemente brota uma sensação desconfortável: a sensação de termos alternativas em excesso. Não precisamos de tudo isso.
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Os produtos que chegam ao mercado estão cada mais complicados – isto é um fato. Agregam funções e possibilidades inesperadas. Mas… utilizá-los pode demandar um esforço que não temos vontade de fazer. Pelo contrário, é interessante constatar que podemos até aceitar pagar mais, para ter menos… Lembremos o caso da Apple. Steve Jobs, o guru da Apple, queria que seus produtos tivessem como diferencial serem simples e fáceis de usar. O inegável sucesso obtido mostra que ele estava certo. Os aparelhos da sua marca são mais simples do que os similares, custam muito mais caro e vendem como água.
Ou seja, neste tempo, em que as tecnologias crescem em sofisticação, a simplicidade torna-se cada vez mais desejada. Seja na produção industrial ou na administração das empresas, seja na vida cotidiana.
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Simplicidade se tornou um tema de respeito também no campo da pesquisa. Por exemplo, o site lawsofsimplicity.com reúne matéria abundante a respeito. Ali se encontram conclusões interessantes. A primeira delas é um pouco desencorajadora. Afirma que o processo para alcançar um estado de simplicidade é mais complicado do que parece. Acrescentar – cargos, funções, palavras – é moleza. Reduzir é que são elas.
No entanto, se o objetivo é simplificar, nada funciona melhor do que reduzir opções. Por isso, os estudiosos do tema sugerem cortar, suprimir, sem dó nem piedade. Lembram que não se dá valor para um leque exagerado de opções. O que tem valor mesmo é aquilo que é raro. A atenção distraída que toma conta daquele que percorre um grande catálogo, por exemplo, é prova disso. Nada lhe captura a atenção plena.
Veja-se o caso dos discursos que de vez em quando temos de assistir. Se os oradores tivessem a ideia da simplicidade na cabeça, evitariam nos fazer ouvir cinco vezes a mesma coisa. Simplificar é também não repetir, não dizer o óbvio, não dizer aquilo que é previsível. Significa calar-se ou só falar se há algo realmente para acrescentar.
Há um conselho de que gosto muito. Diz assim:
“Se sobrar, doe; se faltar, peça.”