Sobrevivemos à falência de calçadistas, crise em cooperativas, imbróglios judiciais envolvendo obras públicas, pandemia, dengue e muitas promessas que iludiram a comunidade em torno de um desenvolvimento que nunca chega. As induções em decorrência do ciclone extratropical – que ainda no dia 1º trouxe fortes vendavais cujos impactos nem foram repercutidos direito na mídia pela ‘falta de tempo hábil e espaço’ – não estão trazendo somente um retrocesso de uma década, mas também a maior crise da história do município e do Vale do Taquari.
Lembrando, que muitas das dificuldades financeiras recentes até podem ter origem no excesso de otimismo e imprudência. Até então, ‘Gestão de Crise’ era apenas uma disciplina obrigatória em algumas graduações e expertise jurídica de menos de meia-dúzia de administradores judicias de massa falida. Não estávamos preparados tecnicamente e culturalmente para este tipo de cenário. Até onde se sabe, nossos antepassados começaram a fugir da Europa em 1824 porque não havia mais perspectivas, bem antes da 1ª e 2ª Guerra.
Reclassificações de zona de risco e necessidades de decretos de emergência permanentes (página 09) à parte, é preciso destacar que nem todos perderam tudo e alguns negócios já estavam ‘doentes’ e insustentáveis, por uma série de fatores. Só aprendemos abaixar a cabeça, trabalhar, produzir, gastar energia e se estressar à toa, muitas vezes sem lucro, expurgando irmãos numa competição sem vencedores.
Agora muitos vão ter que recomeçar abaixo do zero. Outros estão fazendo marketing político e empresarial, e está tudo certo. Sonhar com lindos parques para ocupar bem as áreas de risco, loteamentos sociais com qualidade de vida em locais seguros, novos negócios mais lucrativos e dias melhores é necessário. Se devemos fazer do limão uma limonada, uma caipirinha, num futuro bem breve Ciclone Extra-Tropical será um belo nome para um drink que vamos degustar por aí. Quem sabe não surjam inspirações bacanas de networkings de Pomerode, Blumenau e do exterior.
CADASTRO PARA ITENS DE HIGIENE, MÓVEIS E LINHA BRANCA – O Rotary Porto Alegre e ONG HÚMUS (especialista em desastres naturais) está realizando o cadastramento de até mil famílias para distribuição de mais de 20 mil itens de higiene, produtos da linha branca e móveis. Até o momento foram distribuídos 850 formulários. Lembrando que só pode ser feito um cadastro por família.
SAQUE CALAMIDADE – Arroio do Meio é um dos dois primeiros municípios do Vale do Taquari habilitado a liberar o FGTS. Os moradores das áreas afetadas pela enchente, conforme endereços identificados pela Defesa Civil Municipal podem solicitar a partir desta quinta-feira, dia 14, o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por calamidade. O valor máximo para retirada é de R$ 6.220, sendo necessário possuir saldo na conta do FGTS e não ter realizado saque pelo mesmo motivo no período inferior a 12 meses.
A liberação pode ser solicitada à Caixa por meio do aplicativo FGTS até o dia 06 de dezembro de 2023. A solicitação é realizada de forma fácil e rápida pelo aplicativo FGTS, opção Meus Saques, no celular, sem a necessidade de comparecer a uma agência. Ao registrar a solicitação é possível indicar uma conta da CAIXA, inclusive a Poupança Digital CAIXA Tem, ou de outra instituição financeira para receber os valores, sem nenhum custo. Mais informações podem ser obtidas diretamente na agência bancária.
A documentação necessária para solicitar o saque FGTS inclui Carteira de Identidade (também são aceitos carteira de habilitação e passaporte); comprovante de residência em nome do trabalhador: conta de luz, água ou outro documento recebido via correio, emitido até 120 dias antes da decretação de calamidade e Certidão de Casamento ou Escritura Pública de União Estável, caso o comprovante de residência esteja em nome de cônjuge ou companheiro(a).
VIAGEM NO FERIADÃO E MEDALHAS – Uma leitora desta coluna que não embarcou para uma viagem para Pomerode e Blumenau durante o feriadão, não gostou do fato de uma agência de viagens não ter cancelado a programação. Ela acredita que devido ao desastre natural a agência poderia ter reagendado e renegociando o pacote, e não ter insistido junto aos clientes, fazendo menção aos voluntários que vieram de fora para ajudar. O fato foi considerado egoísta por ela, que só teve R$ 200 dos R$ 1,5 mil pagos pelo pacote ressarcidos.
Também ouvi o relato de pessoas que queriam ter ajudado mais a seus familiares e amigos, mas não conseguiram, porque tiveram que trabalhar no feriadão. No entanto, souberam minimizar desgastes profissionais em meio à divergência de interpretações sobre prioridades.
Os resgates feitos durante as inundações ainda vão resultar em medalhas. A reconstrução de um novo futuro já começou.