Ainda não há o levantamento detalhado do número de indústrias, estabelecimentos comerciais e de serviços afetados pela enchente, em Arroio do Meio. Os prejuízos imensuráveis envolvem danos estruturais, de equipamentos e máquinas, perdas de estoque, paralisação das atividades e transtornos logísticos, que envolvem todos os estabelecimentos e profissionais de forma direta e indireta. Num primeiro momento, o foco tem sido a causa humanitária, remoção dos entulhos e limpeza da estrutura remanescente, para depois contabilizar os prejuízos.
Situado nas imediações do Banco do Brasil, o supermercado GM, foi um das dezenas de estabelecimentos comerciais que tiveram perdas expressivas com a enchente. O proprietário Misael Schmitz migrou para o segmento há cerca de um ano e sete meses, após atuar por duas décadas no setor coureiro-calçadista, para realizar o sonho de ter o próprio negócio. Quando foi comunicado da cheia, ele e parte da equipe de seis colaboradores começaram a retirar o estoque de bebidas, carvão e produtos de limpeza que estava na parte térrea.
Após isso, começaram a ajudar famílias e clientes das imediações. “Por volta das 4h quando o rio começou a subir de maneira mais rápida, tentamos erguer as mercadorias dentro do mercado, mas já era tarde. Tivemos que sair às pressas. Infelizmente houve o saque de produtos. Perdemos mais de 80% do estoque, além das avarias em equipamentos. Ainda não sabemos os prejuízos. Provavelmente não teremos força para continuar em decorrência do custo financeiro. Estávamos consolidando clientes e aumentando o mix de produtos. Será difícil recuperar o faturamento em curto e médio prazo. Ainda mais que o poder aquisitivo da população ficará menor. Vamos tentar renegociar boletos. Aguardamos algum anúncio do governo. Toda ajuda é bem vinda”, afirmou.
MINUANO 100% PARALISADA
Uma das indústrias mais impactadas em Arroio do Meio é a fábrica de embutidos da Minuano, situada no bairro Aimoré. A empresa teve toda a planta de três mil metros quadrados invadida pela enchente. O diretor de controladoria Fernando Jorge e o gerente da planta Juacir Salvi, revelam que toda a estrutura foi impactada e o foco tem sido a limpeza e retirada dos entulhos. Ainda não é possível mensurar danos e não há previsão de retorno das atividades.
Com um faturamento de R$ 15 milhões, a unidade de Arroio do Meio industrializa 110 toneladas de embutidos diariamente e conta com 400 colaboradores. “Na noite que antecedeu a enchente, por volta das 19h, recebemos informações da Defesa Civil de que seria igual ou inferior a 2020, ocasião em que o rio atingiu a indústria pela primeira vez. Fizemos uma força tarefa para levantar as máquinas. Por volta das 22h acenaram que os efeitos da enchente seriam ainda mais severos, pois abriram as comportas de uma barragem. Infelizmente não deu tempo para fazer nada, o rio subiu de maneira muito rápida e forte. Não esperávamos algo dessa magnitude”, revelou Salvi, que frisou as preocupações com as condições do talude, pois outras indústrias também estão situadas na margem do rio Taquari.
Já Jorge se disse preocupado com a ajuda social aos funcionários que também tiveram prejuízos. “Estamos fazendo ações internas, mas toda ajuda é bem-vinda. É fundamental que o Poder Público faça uma ação social. Atuamos num segmento com uma margem de lucro apertada. O prejuízo vai acumulando com o tempo que ficarmos parados. Por outro lado, também é inviável migrar a fábrica para outro local. Pretendemos aprimorar os planos de contingências”, destacaram.
DÁLIA COM TRÊS PLANTAS AFETADAS
A enchente afetou três plantas industriais da Cooperativa Dália Alimentos. No frigorífico de suínos em Encantado, a cheia atingiu o almoxarifado e estoque, e o abate foi interrompido por tempo indeterminado. Em Palmas, Arroio do Meio, o abate de frangos e o recebimento de leite estão suspensos.
BRF RETOMA PRODUÇÃO DE RAÇÃO DE FORMA IMEDIATA
A enchente também atingiu os fundos da fábrica de Rações da BRF em Arroio do Meio atingindo parte estrutural e de equipamentos. Não há informações sobre os prejuízos. Para atender integrados, a multinacional precisou trazer ração de Santa Catarina. Entretanto, estão sendo tomadas providências para retomar a fabricação de forma imediata.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
A unidade de abastecimento da Corsan/Aegea, teve o abastecimento comprometido principalmente em decorrência da interrupção de energia elétrica. Já a retomada da captação no rio é imprevisível, pois pode haver danos da adutora. Apesar das interligações de rede, os cinco poços artesianos situados nos bairros Aimoré e São Caetano, não darão conta de atender 100% das economias. Os locais mais afetados são a Barra do Forqueta, parte alta de Bela Vista e Centro em direção a Lajeado.