Em Arroio do Meio mais de 150 estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços foram afetados pelo ciclone extratropical, que causou uma inundação histórica. Em parceria com a Secretaria Municipal da Indústria, Comércio e Turismo e Associação Comercial, Industrial e Serviços (Acisam), a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) está realizando um levantamento minucioso das perdas com todas as empresas impactadas, que envolvem estoque, estrutura, dias inoperantes e perda de faturamento.
A estimativa é de que os prejuízos superem os R$ 85 milhões estimados inicialmente pelo poder público no início desta semana.
Assim como muitos outros empresários, o presidente da CDL, Tiago D’Avila Neumann, esteve engajado nas causas humanitárias e voluntariado na primeira semana pós-enchente. Segundo ele, muitas das empresas atingidas ainda não tinham superado dificuldades em relação a pandemia, pois tinham contratado o Pronamp e outras linhas de crédito.
A secretária executiva da CDL, Raquel Scheid, pontua que nem todos os estabelecimentos têm cobertura dos seguros sobre o estoque e de estrutura. “A tragédia vai impactar nos hábitos de consumo”, dimensionou.
Desde o último domingo, o presidente da Acisam Adelar Steffler está participando de reuniões com representes do governo federal e estadual, Congresso Nacional AL/RS, instituições financeiras e entidades representativas.
Na pauta líderes empresariais da região defendem um plano de retorno industrial com taxas subsidiadas, fundos garantidor e perdido, prorrogação de impostos por até três anos, antecipação de crédito retroativo do Pis e Confins com menos burocracia, prolongamento de dívidas, isenção de taxas de importação para máquinas e equipamentos de indústrias, auxílio do Sebrae e desburocratização ambiental.
Segundo Steffler, todos se mostram muito atenciosos e pré-dispostos em ajudar, pois a retomada da geração de empregos e renda é fundamental para viabilizar a cidadania e continuidade das políticas públicas. “Se viu água, lixo e entulhos. Poucos se deram conta da gravidade. O maior problema está por vir. Muitos terão dificuldades financeiras e de honrar seus compromissos, manter funcionários e empregos. São empresas que não têm mais nada para dar em garantia. As corretoras de seguro precisam analisar essa catástrofe com bons olhos e não negar cobertura. Serão necessárias indenizações, pois foi um ciclone extratropical”, reforçou.
O presidente assegura que o município precisa articular soluções para todos os segmentos da economia, de forma padronizada e eficiente. Uma das preocupações de Steffler é com o agro, pois é a base da indústria de proteína animal, que tem forte atuação na região na atividade leiteira, suinocultura e avicultura integrada, e ainda a bovinocultura de corte. “Há fontes para soluções, mas os caminhos são diferentes para cada setor”, enfatiza.
Perdas de R$ 220 milhões na avicultura
Com uma fatia de 21% da produção do Estado, a indústria avícola do Vale do Taquari estima um prejuízo de R$ 220 milhões, em um balanço parcial, em razão das cheias que deixaram um rastro de morte e destruição na região. O levantamento foi feito pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e reflete danos verificados nas seis indústrias locais.
Os problemas mapeados foram em estruturas das plantas, aviários, mortalidade de animais, genética, logística, elétricos, máquinas, equipamentos e mercado.