A aposentadoria pode ser uma fase muito boa da vida e, por isso, largamente esperada. Trabalhar menos, ou talvez nem ter mais compromissos profissionais, curtir a família, se dedicar aos hobbies e viajar, pode estar nos planos de muitos trabalhadores. Tudo isso é plenamente possível, mas para o sonho não virar um pesadelo, é preciso planejar este momento. Afinal, de nada adianta ter idade para se aposentar se o valor do benefício não cobrir as despesas. O ideal é que o trabalhador, ao se aposentar, possa manter sua autonomia financeira.
A contribuição para o INSS, que é automática para quem tem carteira assinada, e facultativa para profissionais liberais e autônomos, não precisa ser a única aposta para a aposentadoria. Uma das recomendações do contabilista e administrador de empresas José Eduardo Ely, do Escritório Ely, é de que a questão seja pensada o quanto antes. “Precisa planejar ainda em atividade”, orienta.
Ter outra fonte de renda além da previdência social pode ser decisivo para uma vida mais tranquila, justamente na fase em que as despesas com saúde podem ser maiores. Mas a contribuição padrão não deve ser deixada de lado. Até porque ela não garante apenas a aposentadoria, mas também prevê outros benefícios, a exemplo do auxílio doença e salário maternidade. “O ideal é a pessoa contribuir com o INSS e programar outra fonte de renda passiva, formando um mix de rendimentos”.
A escolha de como e onde investir pensando no futuro vai depender do perfil de cada trabalhador. Dentre as possibilidades consideradas mais seguras estão algumas modalidades de aplicações bancárias, a previdência privada e o investimento em imóveis para aluguel. O importante, de acordo com Eduardo, é ter mais de uma fonte de renda para complementar o valor da aposentadoria. Além disso, sugere reduzir as despesas fixas, em especial as que representam custos mais elevados, para que os recursos financeiros sejam direcionados ao que é prioritário.
Nas aplicações financeiras e na previdência privada, a orientação é para buscar bancos oficiais. Também é importante discutir todos os detalhes, em especial na previdência privada, já que há duas modalidades e pode haver impacto na tributação dos saques. “Tudo isso precisa ser conversado previamente, de acordo com a finalidade de quem faz a contratação. Por isso é importante se atentar para a modalidade escolhida, para não ter surpresas na hora do saque”.
Disciplina
Quando a questão é programar o futuro, mais do que o valor investido, a constância e a disciplina são fundamentais. “É preciso planejar e ter em mente que o investimento deve ser mantido a longo prazo, as vezes por mais de 20 ou 30 anos. Isso as vezes é um ponto um pouco mais difícil, a disciplina da contribuição”, destaca o administrador.
Eduardo salienta que não há um período apropriado para começar a planejar o futuro, mas quanto antes se iniciar, mais terá sido acumulado lá na frente. “O dinheiro faz parte da vida das pessoas, e de forma significativa. É preciso planejar e se questionar: como vou estar financeiramente aos 60 anos? O que vou fazer agora aos 30 ou 40 anos para chegar aos 60 do jeito que desejo financeiramente falando?”, alerta.
Transição
Parar de trabalhar também deve ser algo programado. Para além da questão financeira, há impactos na vida social. Muitas pessoas podem se sentir sozinhas nesta fase da vida, pois cessa o convívio com colegas de trabalho e os familiares, a exemplo de filhos e netos, estão em uma rotina diferente durante a semana.
Por isso, Eduardo sugere que haja um período de transição. Também considera que a dedicação a algumas atividades diferentes, como aulas de artesanato ou até hobbies antigos, estejam mais presentes no dia a dia. Inclusive, atividades que eram hobbies podem se tornar uma fonte de renda extra, mas sem o peso de ter uma carga horária a cumprir.