O empresário Éster Rodrigo Guiland, 45 anos, do distrito de Palmas em Arroio do Meio, ainda não sabe como vai pagar fornecedores, a reforma do frigorífico que é família há três gerações e o salário dos 28 funcionários no próximo mês. No momento, o foco é tentar reconstruir uma das câmaras frias e consertar equipamentos para retomar os abates, mesmo que parcialmente, ainda até o fim de setembro. “Vamos precisar de ajuda financeira dos bancos e do governo”.
A inundação causada pelo ciclone extratropical no início do mês foi a maior já presenciada pelos moradores da localidade. Diferentemente das outras enchentes, a água não surgiu lentamente das galerias da ERS-130, e sim, por cima da pista, alagando distrito e arredores de forma mais rápida.
Até o fim da noite do dia 04, a expectativa, era de que o nível fosse semelhante ao de 2020, quando a enchente atingiu o pátio e parte da parte térrea do frigorífico. Éster e a equipe de colaboradores, fizeram uma força tarefa para retirar todo estoque de carnes e alocar dentro dos caminhões com baú frigorífico que foram estacionados em áreas um pouco mais altas nas imediações.
Por volta das 3h da manhã do dia seguinte, Éster foi comunicado por sua mãe de que a água estava atingindo as casas da propriedade. Naquele momento já havia atingido sete veículos entre caminhões, camionetes e automóveis. Até o escritório do frigorífico, que fica no segundo piso do imóvel foi atingido, danificando computadores e toda a documentação contábil, fiscal, sanitária e agropecuária dos últimos cinco anos. Inclusive talões de produtores.
Além da sujeira do lodo, a enchente causou danos expressivos numa das câmaras frigoríficas, especialmente por serem confeccionados por um material, mais . Ao mais de 13 mil quilos de carne foram perdidos. Motores e demais componentes passarão por avaliação técnica. Também foram perdidos mais de 200m³ de lenha utilizada para o vapor da esterilização. A estimativa é de que os prejuízos ultrapassem R$ 1 milhão.
Éster agradece a apoio de todos os colaboradores que não estão medindo esforços na reconstrução. “Estamos tendo que remendar, ao invés de estar trabalhando. Estamos deixando de atender clientes. Fornecedores estão nos questionando de como vamos pagar. Precisamos de capital de giro emergencial. A economia já não estava muito favorável e a concorrência é enorme”, esclarece.