“Eu sou a ressureição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?” As palavras bíblicas são do Livro de João e estão relacionadas com a finitude da vida, o fato de todos, algum dia, deixarem o mundo terreno para a morte. No entanto, o dizer milenar traz a esperança da vida eterna.
Na próxima quinta-feira, dia 2, essa reflexão ganha força, pois é celebrado o Dia de Finados. Uma data para lembrar com carinho, amor, consideração e saudade daqueles que já partiram e deixaram a marca na vida das pessoas que aqui ficaram. Para a Igreja Católica o sentido vai além. “Mobiliza muita gente para arrumar as sepulturas com flores e também para as memórias. Aos cristãos, é um momento muito especial não para focar na morte, mas no sentido da vida. Por isso construímos um valor em que o viver não se acaba na sepultura. Há a percepção da vida eterna e na ressureição junto de Deus”, diz o pároco da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Alfonso Antoni.
Conforme Antoni, quem crê em Jesus Cristo, vive e se orienta a partir de seus passos, já venceu a morte no sentido espiritual. “Sabemos que a morte física, a biológica faz parte de todas as criaturas. É a perspectiva da fé que traz a esperança de voltar nosso olhar para além dos túmulos. Perante o fim da vida aqui, nosso horizonte é Deus.”
Por ter a esperança de ressureição, Antoni diz que o dia não deve ser de tristeza. “Sabemos que é um misto de sentimentos. Guardamos com saudade os que já partiram e com certa dor da ausência, mas não devemos esquecer da esperança da ressureição, porque os falecidos fazem seu caminho ao lado de Deus. A gratidão também está presente, porque eles foram um presente para nós, deixaram legado, testemunho e muitos ensinamentos que levamos adiante.”
Ter consciência da finitude da existência, mas sem medo da morte também é um conselho de Antoni para os Finados. “Pensando dessa forma sabemos aproveitar cada momento. Estamos aqui e agora, mas amanhã não sabemos. É preciso dar sempre um sentido para a nossa existência. Muitos se fecham para o horizonte da vida eterna e pensam no materialismo, mas isso limita. Creio que a morte nos ensina que as coisas que construímos teremos que um dia deixar para trás. Por isso, é preciso questionar o que é mais essencial e importante, de que forma estamos vivendo aqui. Devemos olhar com outras perspectivas.”
No Dia de Finados, nos cemitérios das comunidades católicas de Arroio do Meio haverão celebrações. No campo santo do Bairro Bela Vista será, a partir das 8h. Em caso de chuva será na igreja.
A ORIGEM DA DATA
A origem do Dia de Finados remete ao século X. Naquela época, o abade Odilo sugeriu que a data fosse dedicada para orações da alma daqueles que já morreram. A perspectiva era o fato de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório e passa por um processo de purificação para ascender ao Paraíso.
Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao XV), a prática das preces tornou-se popular na Europa. Isso remonta ao período do cristianismoprimitivo, dos séculos II e III, quando os cristãos perseguidos pelo Império Romano enterravam e rezavam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma. Com a descoberta da América e o processo de colonização, a data cada vez mais se tornou tradicional.
Além dos cemitérios, as flores, a vela e o silêncio fazem parte da data. As sepulturas são ornamentadas com flores por representarem respeito, saudade e gratidão. A vela representa a fé e a luz e o ato de silenciar serve para meditar, rezar e escutar.