Desde o rio Carreiro, em Santa Tereza, na divisa do Vale do Taquari com a Serra Gaúcha, até o rio Jacuí, em General Câmara, na divisa com a Região Carbonífera, foram mais de 3 mil propriedades familiares, em 17 municípios, atingidas pela enchente de 4 e 5 de setembro de 2023, de acordo com um levantamento da Emater/RS-Ascar. O gerente regional Cristiano Laste destaca que 11 destes municípios tiveram boa parte das atividades devastadas: incluem pastagens e culturas de inverno como o trigo, milho recém plantado e lavouras preparadas, danos em hortaliças como moranguinhos, parreirais de uva, tabaco, piscicultura, avicultura, suinocultura, bovinocultura, agroindústrias e turismo rural, além de perdas estruturais em benfeitorias, máquinas, equipamentos e implementos.
Laste explica que o cálculo não é simples. A inundação causou desde a falta de energia, afetando a ordenha, que vai trazer reflexos para o futuro da lactação, a doenças que estão se desenvolvendo nos plantéis e alojamentos de integrados no geral. A Famurs aponta impacto imediato superior a R$ 2 bilhões. A estimativa é de que algumas propriedades levem de três a cinco anos para reparar prejuízos. “A área plantada de milho, que antes da enchente era de 1/3, ainda não evoluiu e na remanescente haverá desafios de padronização. São mais de 2,4 mil hectares de lavouras lixiviadas em que serão necessários investimentos de R$ 6 mil por hectare, para preparação do solo e conseguir viabilizar um plantio nesta temporada. Além da continuidade de investimentos na correção do solo, rotação de culturas e técnicas conservacionistas para melhoria dos nutrientes nas próximas safras.
Por isso criamos um programa específico. Mesmo assim, muitos vão migrar de cultura para ao menos garantir uma safra de verão. Infelizmente nem todos fazem custeio ou seguro agrícola. Pelo que verificamos apenas 30% se enquadra”, detalhou.