A população de Arroio do Meio e região mais uma vez foi bastante prejudicada pelas tempestades e volume de água do rio Taquari e seus afluentes, registradas entre a última sexta-feira e segunda-feira.
A altura do rio chegou a marca de 34,48m na régua instalada no Balneário Municipal no bairro Navegantes. Conforme a Defesa Civil, mais de 900 famílias foram atingidas nas localidades do Centro, bairros Navegantes, Barra do Forqueta, Bela Vista, Aimoré, Rui Barbosa, São José, São Caetano, Palmas, Passo do Corvo e Cascalheira.
Cerca 380 pessoas tiveram que ser abrigadas nos ginásios do loteamento Glória e salão Cinquentenário em Bela Vista, nos Ginásio das Escolas da Barra do Forqueta e João Beda Körbes do bairro Aimoré. As demais ficaram abrigadas em barracas no pátio de vizinhos e casas de familiares.
Nos ginásios a prefeitura fornece toda a alimentação, material de higiene e limpeza. De acordo com o prefeito Danilo José Bruxel há mais dificuldade em angariar a ajuda de voluntários para preparar refeição e angariar donativos. “A fase segue sendo de ajuda humanitária. Servidores estão tendo que preparar mais de 650 pratos por refeição com recursos do município”, destacou.
Além das 250 casas que sofreram danos em setembro, outros 100 imóveis sofreram algum tipo de avaria de menor ou maior gravidade na enchente do último fim de semana.
AUTÔNOMOS SUGEREM LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E COMUNICAÇÃO MAIS INCISIVA
As famílias dos profissionais autônomos de construção civil Jair Trindade Freitas, 27 anos e Ederson Campos, 40 anos, conseguiram tirar a maioria dos eletrodomésticos e eletroeletrônicos de maior valor do imóvel onde residem na rua Tiradentes em Arroio do Meio.
Situação muito diferente da vivenciada em setembro, quando perderam tudo e só conseguiram se reestruturar graças a doação e ajuda de voluntários de outras regiões que agora também, estão sendo atingidas e muito trabalho. “Corremos ao CRAS às 6h30min do último sábado, quando o rio atingia 28m. Fomos atendidos com um caminhão, mas não conseguimos retirar tudo. Não havia caminhões para todos os moradores. Alguns freteiros recusaram ajudar, pelo risco de ficarem submersos. Muitos vizinhos que nos ajudaram acabaram tendo perdas mais expressivas. Quando se tem crianças, não se pode ser inconsequente. É preciso pensar primeiro no bem estar da família”, dimensionam.
Apesar da situação ter sido menos caótica que setembro, eles estão entre as famílias que continuam abrigadas em salões comunitários, temendo nova enchente. “Já limpamos nossas casas, porém, existe previsão de nova enchente. Temos ciência permanecendo nos salões, há transtornos para toda a comunidade. Gostamos de morar em Arroio do Meio, mas em muitas ocasiões tivemos perdas muito expressivas enchentes. Facilmente os prejuízos superam R$ 30 mil. É difícil escolher um local seguro, pois em quase todos os bairros pega água”.
Em comparação com a última enchente destacam que é notável a diminuição de auxílio. “Faltou material de limpeza e principalmente utensílios e botas para uma limpeza segura. Soubemos que infelizmente boa parte do material arrecadado com doações nas últimas semanas foi redirecionado para SC onde também há municípios em calamidade pública. A Defesa Civil deveria ter analisado melhor as previsões climáticas. Geralmente ocorrem muitas injustiças na distribuição de donativos e quem precisa não ganha nada. Estamos precisando de armários e colchões”, destacou.
Eles sugerem ao prefeito Danilo José Bruxel, um levantamento topográfico e implantação de marcos em cada bairro e localidade com a cota de inundação. “Devido a alterações no leito e na própria progressão das águas de cada afluente, nenhum início de enchente é igual. Mas a sinalização é fundamental para comunidade ter noção dos riscos. A Defesa Civil também deve cadastrar os moradores e empregar uma comunicação mais incisiva, sem margem para desencontro de informações”.