A eleição municipal do ano que vem reserva grandes emoções. O pleito, de cunho “paroquial” – como dizem os políticos – naturalmente é uma disputa mais renhida em comparação aos pleitos estaduais e federais. É um debate da realidade local, o que acirra os ânimos. Os envolvidos se conhecem. E no auge da era das redes sociais o nível tende a ser muito baixo. O passado, os erros, os equívocos e a distorção dos fatos pautam a briga. Em 2024, aqui no Vale do Taquari, haverá um componente extra para turbinar os debates. Falo da tragédia resultante da enchente que assolou a região em setembro. É um episódio de proporções inéditas. Poucos dias depois da confirmação da devastação se ouviam queixas aos administradores públicos. Os prefeitos se depararam com uma realidade inesperada que exigiu agilidade para a solução para inúmeras consequências materiais e humanas. Primeiro era preciso resgatar e salvar pessoas; depois, providenciar alimentação, teto e roupa para as vítimas. Posteriormente era necessário buscar recursos para manter empreendimentos e empregos. Criatividade dos gestores e estrutura das prefeituras foram fundamentais para mitigar as consequências da tragédia. Nem todos os municípios, no entanto, possuíam tais atributos. Além dos compromissos inerentes à função pública, os municípios dependiam – e ainda dependem – da boa vontade dos governos estadual e federal para a liberação de recursos.
O envio de comitivas com autoridades, a realização de reuniões com a presença da imprensa e a proliferação de fotos são práticas manjadas, mas reiteradas. Os resultados concretos, no entanto, sempre deixam a desejar. O que se vê é a frustração de prefeitos e da população que cobra agilidade no envio do dinheiro tão esperado. A disputa de 2024 contará, ainda, com a tradicional radicalização, fenômenos que não se restringem à política. Em todos os segmentos e ambientes sociais vemos disputas pouco racionais em busca de visibilidade. A ostentação cegou parte da humanidade. Apesar dos desafios, a eleição municipal é a oportunidade valiosa do cidadão exercer o direito sagrado de escolha. Muitas injustiças serão cometidas no debate eleitoral do ano que vem. É preciso separar verdade e mentira. É uma tarefa facilitada para os eleitores que conhecem o cotidiano da comunidade. E a vida pregressa dos candidatos.