Quando iríamos pensar em um final de ano assim. Centenas de amigos, vizinhos e familiares com lares destruídos por uma enchente devastadora? Deixou marcas trágicas especialmente no Vale do Taquari, na região metropolitana de Porto Alegre, em residências às margens do Guaíba e, imaginem, quase soterrou a mais turística cidade da Região das Hortênsias. Moro em Eldorado do Sul e tenho amigos hospedados por familiares. Haja bondade milagreira para salvar o espírito natalino. “Tudo se reconstrói, mas ao custo de outros projetos que nos forçamos a largar”, lamentou o pai de um amigo, lá na Ilha Pintada.
Apenas em Arroio do Meio, leio no AT, temos mais de 900 famílias atingidas. E vamos um pouco mais acima, em Gramado. Quem imaginaria que haveria deslizamento entre sua paisagem de ares europeus? Um prédio inteiro desabou e agora já se fala em um rigoroso levantamento topográfico para prevenir novas tragédias. Aproximadamente 100 famílias estão fora de suas residências e ainda não há previsão de liberação para o retorno.
Os riscos estão concentrados nos bairros Três Pinheiros, Travessa das Azaléias, Planalto, Loteamento Orlandi na Várzea Grande e na rua Nelson Dinnebier, no bairro Piratini. Mas bate uma tristeza, uma incerteza sobre como circular entre as centenas de atividades bacanas que lá oferecem. O Natal Luz? Eu pessoalmente já evitei a região nesse período. É gente demais, com todos os sotaques e idiomas.
Mas é bonito ver a limpeza, as vitrines e, acima de tudo, a paisagem magnífica, encantadora. Exemplo de sucesso no trabalho voltado ao turismo. Tudo parece saído de um mundo paralelo de perfeição e encantamento. E, de repente, a lama engole a fantasia. Eu lamento de já ter reclamado das multidões nas ruas de Gramado e Canela.
Afinal, não existe estrutura, atendimento cuidadoso que resista uma invasão de gente ansiosa por toda aquela fantasia. Aos sábados e feriados, especialmente neste período de Natal Luz, é assim. As excursões, em vans e ônibus derramam-se nas ruas enfeitadas, somam-se a milhares de veículos particulares e por volta do meio dia, a cidade já está próxima da explosão.
As lojas lotam. Se você encontrar um restaurante com mesa disponível, desconfie. Ou é problema de preço alto, comida ruim, ou tudo isso junto. Quem pensa em utilizar os sanitários públicos, dependendo do dia, precisa ter paciência para vencer uma longa fila. Está “apertado”? Tente no comércio. Mas os banheiros destes locais, estão disponíveis apenas para os mijões clientes. Então, consuma qualquer coisa. E alivie-se!
O ideal, para se evitar tudo isso – superlotação, filas, banheiros lamentáveis – é visitar a cidade nos dias de semana. Sempre haverá muita gente, mas tudo numa medida racional, que evita sobrecargas de tensão, em um período que deve ser de Luz. Sem deslizamentos ou chuvas em excesso. Apenas gente aflita por algum encantamento, em dias tão sofridos. Aliás, acho importante, nesse momento, curtirmos e consumirmos no comércio local. Isso é fundamental para o Vale do Taquari. Vamos celebrar e apoiar, um período de festas pela reconstrução, onde tocamos nossas vidas.