Produtores de grãos e de silagem de Arroio do Meio que tiveram perdas nas enchentes de setembro e novembro podem se cadastrar, desde segunda-feira, 27, no projeto de recuperação da fertilidade do solo lançado pelo governo do Estado que será 100% subsidiado. O público-alvo são produtores que tiveram lavouras descapadas e precisam de reestruturação num curto espaço de tempo. Em Arroio do Meio foram cerca de 170 hectares atingidos. Não serão contempladas lavouras que apenas foram inundadas ou atingidas por lodo.
O produtor deverá manifestar seu interesse em ser beneficiário junto ao escritório da Emater até o dia 16 de dezembro. O teto de recursos por produtor é de R$ 15 mil. O propósito da iniciativa é disponibilizar recursos para a recuperação de áreas cultiváveis.
O objetivo do convênio é a aquisição, distribuição e aplicação de insumos, tais como corretivos, condicionadores de solo, adubos, bioinsumos e sementes de cobertura. O governo do Estado repassará recursos às cidades, por meio de convênios, para a aquisição e distribuição dos insumos aos agricultores.
As demandas serão intermedidas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). As principais ações do programa estão sustentadas em quatro pilares:
- Disponibilidade de horas-máquina e insumos, tais como corretivos, condicionadores de solo, adubos e sementes de cobertura para a reconstituição da fertilidade do solo;
- Incentivo à recomposição de áreas de matas ciliares que colaborem para evitar prejuízos em eventos futuros de semelhantes características;
- Contribuição para elevar e recompor a produtividade das áreas degradadas;
- Colaboração para a melhoria da renda obtida pelos agricultores familiares atingidos.
Recentemente em programa semelhante, para bovinocultura de leite, foram 26 produtores que tiveram enquadramento aprovado. Paralelemente Estado, município e Emater também estão desenvolvendo programa de açudagem.
PREJUIZOS DE 8,9 MILHÕES
A Emater/RS-Ascar e a Secretaria da Agricultura de Arroio do Meio divulgaram o relatório de perdas na enchente dos dias 17 a 20 de novembro. Os prejuízos ficaram um pouco abaixo da enchente de setembro que registrou prejuízos superiores a R$ 10,3 milhões e chegaram a marca de R$ 8,9 milhões.
O setor mais afetado foi a produção de milho, com 725 hectares devastados, sendo 25 de grãos e 700 de silagem, resultando em um prejuízo expressivo de R$ 7,3 milhões. Os agricultores agora enfrentam o desafio de se recuperar diante dessa significativa perda.
Além disso, 24 produtores do setor leiteiro enfrentaram prejuízos causados pela falta de energia elétrica, agravando ainda mais a situação. Os dados foram minuciosamente registrados por Elias de Marco, técnico agropecuário e extensionista em Arroio do Meio, e apresentados pelo Conselho da Agricultura (Conar). “Na enchente de setembro tivemos perdas de animais e de trigo que não ocorreram agora. Infelizmente nem todos estão conseguindo se habilitar no ProAgro ”, comparou.
Maiores perdas:
Lavouras de milho – 725 hectares (R$ 7,3 milhões)
Pre secado 9 rolos (R$ 1,5 milhão)
Leite 24 produtores afetados (RS 28,4 mil)
Total: R$ 8,89
SÓ SOBRARAM OS BOLETOS
O bovinocultor Roquemir Bald, que completou 55 anos nesta quinta-feira, investiu mais de R$ 20 mil no cultivo da lavoura de milho nas imediações do Salto em São Caetano. Antes da enchente de setembro realizou o plantio direto e depois teve que gradear porque a correnteza do rio Taquari levou a fibra da palhada.
Ele está buscando se credenciar ao programa de recuperação da fertilidade do solo lançado pelo governo do RS. “Foram as enchentes que nos trouxeram mais prejuízos, especialmente porque ocorreram na época da safra. O milho havia nascido bonito. Além de levar toda terra boa embora, a correnteza trouxe muito cascalho, que tivemos que tirar manualmente. Só sobram os boletos. A situação já não está boa para os colonos pela baixa remuneração da produção. É um momento muito crítico que infelizmente precisamos da ajuda do governo”, revelou.