Alternativas para amenizar a devastação das enchentes em Arroio do Meio foram apresentadas para a comunidade. O encontro foi organizado pelo Grupo ‘Conversando Sobre Turismo’ e ocorreu, na noite de terça-feira, dia 28, na sede da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Arroio do Meio (Acisam).
A arquiteta e urbanista Bianca Borscheid trouxe sua pesquisa feita na graduação denominada ‘Re – conectar- Transformando os Limites da Cidade de Arroio do Meio através da Orla do Rio Taquari’. Ela analisou a área mais atingida pela enchente que é o Bairro Navegantes, a macro da cidade e a de intervenção, além de apresentar ideias de manter o local movimentado com a construção de parques, áreas de lazer e de ligação.
Conforme Bianca, como a cada enchente que ocorre no município, as pessoas saem da área de risco o objetivo é debater o que fazer para melhorar o contato com o bairro e mantê-lo ativo ao mesmo tempo. Por isso, mostrou aos presentes o seu projeto. “Um dos problemas é que as enchentes inundam cerca de 40% do município. E isso faz com que as pessoas vão para outros lugares e não mais permaneçam na beira do rio. No entanto, temos que aprender a conviver com isso, propor melhorias e não cancelar a cidade”, citou Bianca.
A proposta de Bianca é a concretização de três parques para a região, conexão entre eles por ciclofaixa com fortalecimento das três vias principais para o Bairro Navegantes como as ruas Doutor João Carlos Machado, Visconde do Rio Branco e Gustavo Wienandts. Outra sugestão, é conectar também a ponte de ferro com vias de caminhada e a área onde é o prédio da Brigada Militar próximo da Campos Sales. O primeiro é um Parque Agrícola para pesquisas de estação de água, passeios e contemplação próximo do posto de saúde do Navegantes. O segundo é um Parque das Artes para incentivo do setor e cultura com apresentação de eventos e realizações da feira do produtor por exemplo. O local seria próximo do antigo prédio da BM.
Já o terceiro projeto é a execução do Parque Ribeirinho e a principal conexão com o Rio Taquari. Aqui o objetivo é organizar o espaço com restaurantes, sanitários, ciclofaixas, acesso a barcos, Marina, ecoparque, acesso ao rio e homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes. “Tudo isso precisa ser pensando para que as pessoas possam ir e usufruir da região de outra forma. No caso dos restaurantes, se pode pensar em foodtruck ou containers que possam ser retirados do local no caso de inundações. A cidade precisa de ambientes assim, mas sabemos que leva tempo para se desenvolver. Hoje, onde pega a enchente é inviável a construção de residências ou empresas. Por isso, pensar em algo para que a comunidade toda possa usufruir.”
A presidente do Conselho de Desenvolvimento do Meio Ambiente de Arroio do Meio (Codeman), Patrícia Aguiar, reforçou a necessidade de soluções, porque os eventos climáticos serão cada vez mais frequentes. “O Vale tem que se reconstruir e olhar com outros olhos para o Rio Taquari. Antes estávamos de costas para o rio, hoje não podemos mais. Temos que pensar nos resíduos que chegaram nas águas e são muitos. Tudo é cultural e a mudança vem em pequenas atitudes.”
Organizadora do encontro, Eneida Führ Kuhn, confirmou que foi a última reunião do ano e que os trabalhos retornam no mês de março de 2024.
PESQUISA DE ESTUDANTES
Os alunos da 2ª Série do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus apresentaram o projeto ‘Alternativas para Atenuar as Inundações em Arroio do Meio’. A iniciativa foi desenvolvida pela área de Empreendedorismo Social Ambiental que faz parte dos Projetos do Novo Ensino Médio. A coordenação foi da professor Carla Jaqueline Schroeder.
Antes de trazer as alternativas, os alunos mostraram a pesquisa que realizaram sobre as ações que países atingiram pelas enchentes colocaram em prática para conter a força das águas e evitar mortes e tragédias. Entre eles o sistema da cidade-irmã de Arroio do Meio com a construção elevações de casas nas zonas de risco e pontes para evitar que objetos se prendam nelas e ocorra o represamento da água, Boppard; São Paulo com os piscinões, a Holanda que criou deques; a China que organizou um sistema de esponjas que drenam a água; Japão o escoamento e New York uma proteção por muros.
Para amenizar as cheias no Rio Taquari no município, a partir da análise internacional e a percepção dos eventos passados, os estudantes apresentaram as seguintes propostas: reconstituição das matas ciliares nas margens dos rios e arroios do município, dragagem do leito do Rio Taquari, implantação de áreas verdes e piscinões que acumulem água, estudo da viabilidade técnica de outras soluções como as apresentadas, planejamento financeiro e disponibilização de recursos para a implantação de medidas que possam amenizar os efeitos das inundações.