A semeadura de soja no RS no RS já alcançou 94% da área prevista para esta safra de Verão. No Alto Uruguai e Planalto, a operação chegou à conclusão e, no Planalto Médio e Noroeste, aproxima-se do término. A região com maior defasagem no plantio da soja é a Campanha, onde a recorrência de chuvas foi mais significativa, prejudicando principalmente as operações em terras baixas.
De acordo com acompanhamento da Emater/RS-Ascar, o desenvolvimento das lavouras de soja, ao longo das primeiras semanas de verão, foi bastante positivo, pois houve crescimento adequado e emissão de folhas maiores, bem desenvolvidas e de coloração verde mais intensa, além de alongamento dos entrenós. Ampliou a floração, alcançando 3%, e o restante da área está em desenvolvimento vegetativo e/ou germinação. De modo geral, o estande das lavouras implantadas a partir do início de dezembro é superior ao observado nas lavouras de novembro, resultando em menos necessidade de replantes. As áreas estabelecidas no final de outubro apresentam entrelinhas fechadas, e vários produtores optaram pela primeira aplicação de fungicida para a proteção contra ferrugem asiática e outras doenças, como mancha-parda e cercosporiose, além da aplicação de inseticidas contra lagartas.
A estimativa é de uma colheita de 22,44 milhões de toneladas, aumento de 73% ante o ciclo anterior, quando a seca afetou as produtividades das lavouras gaúchas. No Brasil, a safra deve ter uma quebra de 4,2%, alcançando 155,3 milhões de toneladas.
Em Arroio do Meio, o plantio já atinge a totalidade dos 1,2 mil hectares destinados para a oleaginosa, sem maiores transtornos. Segundo o técnico agrônomo na Emater/RS-Ascar, Elias de Marco, o fato de muitos produtores terem perdido duas safras de milho nas enchentes de setembro e novembro, adiantou o plantio de soja.
Contudo, Elias aponta que as projeções de cotação são uma incógnita até para analistas. No Centro Oeste, onde na safra passada foi colhida uma média superior a 70 sacos por hectare, as lavouras que estão tendo desempenho inferior 30 sacos por hectare. A baixa dos insumos refletiu numa cotação mais baixa na comercialização antecipada (Soja Futuro). O valor da saca de 60kg que estava R$ 135 no início do plantio agora gira em torno de R$ 115. Apesar da tendência de fraco desempenho em âmbito nacional devido à seca no Centro Oeste e os sinais de recuperação na valorização da bolsa de Chicago (referencia nas negociações americanas), dificilmente, a valorização deverá atingir os patamares de 2022 quando a saca foi vendida a quase R$ 200.
Segundo analistas o mercado deve seguir lateralizado até o fim do primeiro trimestre deste ano. A cotação dos grãos também influencia no arrendamento de áreas. Muitas delas são indexadas pelo valor da saca de soja.
O produtor João Delmar Schmitz, do Passo do Corvo, está cultivando mais de 100 hectares de soja em Arroio do Meio e Lajeado. O maior transtorno no preparo do solo foi em relação aos bancos de areia que se acumularam nas lavouras com as duas enchentes. Ele observa que os custos de produção diminuíram apenas 30% em relação a 2022, quando havia supervalorização dos insumos e que a cotação ideal nessa temporada deveria ser de R$ 150, para haver lucro real.
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