“Quantos amigos tu tens?” A pergunta, feita assim, de supetão entre um chope e outro, me deixou perplexo e um tanto confuso. Para fugir da indagação dei uma desculpa qualquer. E disse, em tom de deboche, que não diria o número “pra não parecer que tô me exibindo”. Na verdade, o questionamento de bar me fez refletir no conceito do termo “amigo”. Buscando elementos sobre o assunto deparei com um conteúdo que classifica estes “brothers” em sete tipos: certinho, competitivo, nerd, enrolão, dono da razão, falador e o amigo de todas as horas. O certinho é o cara que raramente aceita convites para bebemorar.
Quando isso acontece, chega ao happy hour com o sol alto e sai cedo para evitar aborrecimentos conjugais. Já o competitivo adora comparar seus resultados, gabando-se de ter o carro mais novo, a camisa mais cara ou de ter conquistado mais mulheres. Com o nerd é impossível estabelecer contato. Ele não descola os olhos do celular, fala em algoritmo, influencers e tecnologia com um vocabulário incompreensível para mortais comuns. O enrolão sempre dá uma desculpa para não ir ao churrasco ou confraternização. E quando finalmente aceita um convite desmarca minutos antes, só para não dar explicação.
O dono da razão… bom, este nem é preciso explicar. Em qualquer assunto ele é “o cara”, tipo sabichão, dotado de inteligência (bem) acima da média. O tipo falador dá um cansaço incrível. Basta olhar as nuvens que o cara dispara conceitos ouvidos no rádio sobre o clima, aquecimento global, El Niño, La Niña. O blá-blá-blá é interminável. É o especialista sobre tudo! Já o amigo de todas as horas é o ombro amigo, eterno confessionário, irmão que a vida nos deu, que aguenta nosso chororô chato que qualquer ser humano transformaria em fuga. Muitas vezes esta pessoa especial está longe. Os encontros são raros, mas é uma amizade que se mede pela qualidade dos encontros. E não pela quantidade. Para muitas pessoas, travar contato com personalidades tão diferentes incomoda. Muitos têm o círculo de amizades composto por amigos de perfil parecido, quase idêntico ao seu. Estes buscam a segurança junto àqueles que pensam igual e pouco discordam. Não há um modelo único de amigo. As pessoas são únicas. Gosto de personalidades diferentes. Algumas divertidas, outras sérias, ora organizadas ou bagunceiras. O convívio humano é uma escola em que a graduação é eterna. E isso não tem preço!

