Ganhou repercussão internacional a mobilização popular que resultou na reconstrução, em tempo recorde, da ponte sobre o rio das Antas que liga Nova Roma do Sul e Farroupilha. A estrutura original, erguida há 93 anos e com 124 metros de extensão, foi arrastada pelas águas da enchente que assolaram o Estado em setembro.
As estimativas oficiais – envolvendo a prefeitura e o governo do Estado – indicavam que a nova ponte custaria em torno de R$ 12,3 milhões e que ficaria pronta em meados de 2026. Ao invés de adotar uma postura comum, de conformismo, de apenas reclamar, a população de origem italiana de Nova Roma do Sul criou uma associação. A partir daí, pôs a imaginação para funcionar e foi à luta. Deixou de ser vítima para tornar-se protagonista de um episódio emblemático e histórico que ficará na história das tragédias gaúchas.
Os 3,5 mil moradores usaram a criatividade e organizaram festas comunitárias, rifas, eventos beneficentes e angariaram doações na região. O movimento surpreendeu e resultou na arrecadação de R$ 7 milhões, valor maior que os R$ 5,7 milhões necessários para a nova ponte.
Além de votar bem é preciso trabalhar coletivamente
para melhorar a qualidade de vida da população
O excedente viabilizará a realização de obras de infraestrutura no entorno. Além de reduzir os custos inicialmente orçados pela prefeitura, os moradores conseguiram diminuir o prazo. O resultado foi que em 138 dias o tráfego entre os dois municípios serranos foi restabelecido.
O episódio da reconstrução junto à ERS-4448, que consumiu 400 toneladas de aço e cimento, é uma lição para as autoridades e para todos nós. É comum ouvir a frase “eu pago imposto e exijo uma solução”, o que é justo. Mas apenas esperar por medidas efetivas implementadas pela paquidérmica estrutura oficial soa comodista e simplória.
No Litoral gaúcho, além de várias outras regiões, há inúmeros exemplos de união. Lá, veranistas e a população nativa obtêm melhorias através da união do trabalho coletivo.
É compreensível a indignação com os desvios bilionários do dinheiro público. Revolta ver o montante gasto com as emendas parlamentares, uma promiscuidade inominável com o nosso dinheiro. Mas além de protestar – e votar bem – é preciso mobilizar-se para trabalhar coletivamente e melhorar a qualidade de vida da população.