O sonho de conhecer a Terra Santa, andar pelos caminhos que Cristo andou e pisar nos lugares onde Cristo pregou, só realizei quando já aposentado.
É interessante conhecer os lugares onde ocorreram fatos tão importantes para a humanidade. Sentir no coração a grandeza da pregação de Yeshua, Jesus em hebraico.
Nos evangelhos são destacados os muitos milagres daquele carpinteiro de Nazaré. No entanto, isso não é o mais importante, pois acusa-se que muita coisa pode ser imitada por algum bom mágico. Certamente foram realizados por ele para atrair e convencer pessoas simples a crer em suas pregações.
Para mim o mais importante e convincente está exatamente nos ensinamentos que transmitiu. Veja-se que era ouvido por pessoas simples, usando parábolas para transmitir sua mensagem.
Seus apóstolos eram simples pescadores, transformados em pregadores, que inacreditavelmente difundiram sua doutrina ao mundo.
As profecias do Antigo Testamento prediziam a chegada do Messias, nascido da casa de Davi, que libertaria o povo de Israel, então sob o jugo romano.
Esperava-se um rei. No entanto, nasceu numa simples manjedoura, cercado de pastores e animais, sendo perseguido por Herodes para ser morto.
Carpinteiro, como José, iniciou sua pregação aos trinta anos, idade em que era considerado adulto pelos costumes da época.
Impressiona que vivia num mundo cheio de tradições e preconceitos, inclusive com relação às mulheres, que não eram aceitas nem como testemunhas. No entanto, sente-se que procura valorizar a mulher em todos os incidentes, inclusive na primazia de sua aparição ressuscitado.
Condena e afronta os sacerdotes na mercantilização do Templo e suas bancas de oferendas e, ao contrário da regra da Lei do Talião – olho por olho, dente por dente –, prega que se ofereça a outra face.
O sermão da montanha, e suas bem aventuranças, é uma peça literária de elevado valor, que merece uma leitura atenta e profunda meditação.
O novo mandamento – amai ao próximo como a ti mesmo – é de uma profundidade ímpar, ainda não bem compreendido por muitos que não o aceitaram como o Salvador.
Nessa visita à Terra Santa, tive a oportunidade de conhecer a planta, que teria sido usada para confeccionar a coroa de espinhos, com que coroaram Cristo. Trata-se de um arbusto comum naquela região e que lembra a nossa “arranha gato”, com espinhos pequenos e penetrantes.
A coroa com longos espinhos, que aparece nas gravuras, pode ser fruto da liberdade de imaginação do pintor. Também os olhos azuis e os cabelos loiros esvoaçantes, que aparecem em imagens no mundo ocidental, são deturpação cultural.
Imagine-se um filho do deserto, caminhando por aquelas paragens, só podia ter uma tez escura e cabelo preto, penteado ao estilo dos nazarenos, tal como aparece nas imagens lá existentes, como também são encontradas nos templos do mundo oriental.
O importante não é a imagem, mas a doutrina que pregou, e que o levou à morte por crucificação, pois contrariava toda a estrutura de poder da época. A Via Dolorosa, a viela por onde andou na direção do Gólgota, ainda está lá, cheia de lojas de souvenir, com marcos das diversas estações, onde coloquei a mão no mesmo lugar onde ele se apoiou ao cair.
Quanto à ressureição… pois é. Foram as mulheres à espalhar a notícia, inclusive uma daquelas em que ninguém ousou atirar a primeira pedra…