Quando eu era jovem, a quaresma, período de 40 dias que antecede a Semana Santa, era marcada pela contrição e jejum. Nem pensar em realizar bailes e festas. Abstinência de carne na quarta-feira de cinzas e em todas as sextas feiras era obrigatória.
Hoje já acontecem desfiles, enterro dos ossos e já vi até quermesse em comunidade do interior.
A tradição judaico-cristã tem significados diferentes.
Conhecida pelos judeus como Pessach, que significa passagem, a Páscoa judaica é uma tradição milenar, que relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito.
A Páscoa Cristã é a festividade mais importantes para o cristianismo, pois lembra a ressurreição de Jesus Cristo.
A quaresma é a preparação para a Páscoa. Tempo de meditação e penitência para os cristãos.
O termo Quaresma é a forma na língua portuguesa para referir-se a esse período do calendário cristão. Deriva da palavra quarenta, cuja origem vem de quadragesima, no latim. Outros idiomas, derivados do latim, como o espanhol, o italiano e o francês, têm palavras parecidas para nomear a tradição.
Quando visitamos a Terra Santa, fomos de Belém a Nazaré e ao Mar da Galileia, do Rio Jordão ao Mar Morto, da Igreja da Anunciação ao Santo Sepulcro. Visitamos os lugares onde Jesus viveu e onde realizou os milagres. De Cafarnaum à Igreja das Bem Aventuranças e da Dormição de Maria.
No roteiro estava prevista a visita ao Horto das Oliveiras ou Jardim do Getsêmani. Este é um dos lugares cuidado pelos Franciscanos da Igreja Católica Romana, sendo que os demais são divididos entre outros ramos evangélicos e cristãos, como a Igreja Ortodoxa Grega e Igreja Ortodoxa Russa.
Quando chegamos ao sopé do Monte das Oliveiras, além da igreja construída no local, onde Jesus orou antes de ser preso, encontramos as velhas e centenárias oliveiras retorcidas, alguma talvez do tempo de Jesus, e ainda produzindo frutos!
Dali se avistava a majestosa Jerusalém e o que restou do templo por duas vezes destruído, o muro das lamentações, reverenciado pelos Judeus.
Nos evangelhos são destacados os muitos milagres de Jesus. No entanto, isso não é o mais importante, pois, acusa-se, podem ser imitados por algum bom mágico.
Para mim o mais importante está exatamente nos ensinamentos que transmitiu. Veja-se que era ouvido por pessoas simples, usando parábolas para transmitir sua mensagem.
Seus apóstolos eram simples pescadores, transformados em pregadores, que inacreditavelmente difundiram sua doutrina ao mundo.
As profecias do Antigo Testamento prediziam a chegada do Messias, nascido da casa de Davi, que libertaria o povo de Israel, agora sob jugo romano.
Esperava-se um rei. No entanto, nasceu numa simples manjedoura, cercado de pastores e animais.
Suas pregações eram revolucionárias para a época, inclusive com relação às mulheres, que não eram aceitas nem como testemunhas. No entanto, sente-se que procura valorizar a mulher em todos os incidentes, inclusive na primazia de sua aparição ressuscitado.
Condena e afronta os sacerdotes na mercantilização do Templo e suas bancas de oferendas e, ao contrário da regra da Lei do Talião – olho por olho, dente por dente –, prega que se ofereça a outra face.
O sermão da montanha, e suas bem aventuranças, é uma peça literária de elevado valor, que merece uma leitura atenta e profunda meditação.
O novo mandamento – amai ao próximo como a ti mesmo – é de uma profundidade ímpar, ainda não bem compreendido por muitos que não o aceitaram como o Salvador.