Ainda a propósito do Dia Internacional da Mulher, comemorado mundialmente no dia 8 de março, instituído pela ONU em 1975, alguns dados históricos e fatos pitorescos na minha carreira de Juiz.
A comemoração nesse dia especial teve origem em protesto realizado por mulheres em Moscou no dia 8 de março de 1917. Milhares de mulheres se reuniram no protesto na Rússia que ficou conhecido como “Pão e Paz”. Nesse protesto, as mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e de vida, lutaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Cerca de 90 mil operárias russas percorreram as ruas reivindicando melhores condições de trabalho e de vida.
Outro fato histórico marcante, antes do protesto na Rússia, ocorreu em Nova York. Uma greve das mulheres que trabalhavam numa fábrica de confecção de camisas. Essas trabalhadoras costuravam cerca de 14 horas diárias e recebiam entre 6 e 10 dólares por semana. Em 25 de março de 1911, um incêndio matou 146 das 500 mulheres que trabalhavam lá. Algumas tinham apenas 14 anos.
Ao longo da história, outros acontecimentos recordam a luta das mulheres, que faziam longas jornadas de trabalho, recebiam salários muito baixos e, além disso, não tinham direito ao voto, o que só conquistaram na década de 1940 no Brasil. Inclusive, na década de 1960, não podiam exercer o comércio sem o consentimento do marido.
As primeiras mulheres só ingressaram na magistratura em 1974.
Em Santa Cruz do Sul, quando exerci a Presidência do Tribunal do Júri, na década de 1980, introduzi na lista de jurados os nomes das primeiras mulheres, para atuar como juradas, antes privilégio dos homens.
Hoje já temos mais mulheres advogadas do que homens, grande número de juízas, médicas e de outras profissões relevantes. Já tivemos, e uma presidente do Tribunal de Justiça, uma governadora e uma Presidente da República.
Passou o tempo em que o homem detinha plena dominação e subserviência. A mulher tem o direito de se separar sem ser morta e seguir sua própria vida.
Lembro que meu pai, como fundador e presidente do Clube Aliança, no salão de bailes do pai do Des. Ari Darci Wachholz, em Candelária, enfrentou grande resistência, para admitir como associada uma mãe desquitada, para que suas duas filhas pudessem frequentar o clube.
Às vezes, a separação é difícil e conturbada.
Em uma audiência em Candelária, após tudo acertado e dividido entre o casal, a foto do casamento foi razão de disputa entre os ex-cônjuges. Nenhum deles concordava que o outro ficasse com a fotografia.
O argumento do Juiz que, como o casamento estava desfeito não havia razão para disputarem a foto oficial do casamento, não funcionou. Os esforços dos advogados também foi inútil. Por fim o Juiz mandou buscar uma tesoura e cortou a foto ao meio. Ambos saíram felizes com sua parte da disputada fotografia.
Em Santa Cruz o Juiz consultou a mulher se desejava continuar com o nome de casada ou voltar a usar seu nome de solteira. Afirmou a mulher, com firmeza, que desejava voltar a usar o seu nome de solteira.
O juiz verificou na certidão de casamento qual era o nome de solteira da mulher, para assim consignar na sentença o nome que passaria a usar dali em diante.
O nome de solteira, surpreendentemente, era MACHADO, tal como o nome do marido.
Para não haver dúvidas, o Juiz escreveu, na sentença de homologação do divórcio, que dali em diante a separanda passaria a usar o seu Machado e não mais o Machado do seu ex-marido.

