Era uma menina comportada, mas muito ativa. Gostava de brincar com seus numerosos irmãos e irmãs. Na hora de ajudar o pai e a mãe, no entanto, era muito prestativa. Além de cuidar dos irmãos menores, precisava ajudar a mãe a tirar leite e no quintal, onde produziam verduras e legumes para o consumo da família. Trabalhar com o pai na roça, quando necessário, e ajudar a tratar as vacas, os cavalos e os porcos.
Dia de carneação era uma festa e fazer schmier no vizinho, que tinha uma moenda de cana, era sempre divertido.
A propriedade ficava próxima à cidade, indo até a beira do Rio Pardo, em Candelária. Forneciam leite, melado, schmier e outros produtos para os moradores da cidade.
Havia um velho que aparecia de vez quando. Tinha um problema em uma perna e caminhava com dificuldade com o auxilio de uma bengala improvisada.
Numa ocasião passou mal e foi socorrido por meus avós. Avisados os parentes e, apesar do atendimento, faleceu.
A notícia entristeceu a todos, pois era muito bem quisto.
No entanto, quando estava sendo velado, repentinamente levantou-se do caixão, surpreendendo a todos, que bateram em retirada. Aos poucos os parentes e amigos foram retornando, confirmando que ele estava mesmo vivo. Tempos depois, faleceu de verdade e, desta vez, não teve volta.
A bengala de João Maria, que morava no Corredor da Barca velha, hoje Rua Amândio Silva, onde está situado o Fórum de Candelária, acabou ficando na propriedade de meu avô.
Num dia de brincadeiras da criançada, minha mãe pegou a bengala e começou a imitar o caminhar desengonçado de João Maria. Qual não foi sua surpresa quando sentiu a bengala erguer-se lateralmente do chão, como se uma força invisível a estivesse levantando. A força foi tão forte que a bengala de madeira quebrou-se ao meio. O susto da criançada foi grande e logo contaram aos pais o ocorrido. Feita a devida reprimenda, ficaram os pedaços de madeira jogados no pátio.
Muito tempo depois minha avó juntou os pedaços junto com as lenhas, dizendo.
– Vou queimar esses pedaços de bengala do João Maria!
Aceso o fogo, no fogão, foi cuidar de outros afazeres, enquanto a criançada brincava no pátio.
Um grande estouro no fogão surpreendeu a todos. Ninguém sabia o que tinha acontecido para tal explosão no fogão, enquanto as chamas consumiam os restos da bengala de João Maria.
Já tive outras duas experiências de ressureição que dão indícios sobre o outro lado da vida.
Pessoa próxima teve uma parada cardíaca e foi reanimada, contando, depois, que havia estado com seus irmãos, nomeando um a um. Questionada sobre o nome de uma delas, respondeu:
– Esta não estava lá.
Era a única irmã ainda viva.
Seu esposp, também reanimado após uma parada cardíaca durante a cirurgia, demonstrou surpresa ao ver as filhas, perguntando:
– Então eu não morri?
Da mesma forma disse que havia estado com seus pais e seus irmãos.
Embora existam muitos incrédulos, há algo de concreto do lado de lá da cortina, que nossos olhos não podem ver. Matéria é apenas um estado da energia. Esta não se perde. Apenas se transforma.
Será possível alguém ressuscitar?
Isso já havia ocorrido, há dois mil anos, com outro filho de Maria…