
A maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul completou um ano. A tragédia sensibilizou todo o país e outros países. Passado todo este período, o que de fato aprendemos?
Sou filho de vereador de um mandato, aqui mesmo em Arroio do Meio, e por mais de 15 anos trabalhei assessorando políticos. Critico sem parar o processo nefasto de parte da imprensa que demoniza os agentes públicos. Esta postura afasta as pessoas éticas, honestas e competentes da disputa por cargos eletivos. Isto compromete o quesito “qualidade” na vida pública.
Apesar da minha opinião, preciso admitir que os exemplos que parcela de autoridades deixaram ao longo do episódio das cheias, é de total falta de sensibilidade. Paulo Pimenta, então “ministro da reconstrução” e deputado federal, e o governador Eduardo Leite, gastam energia em intermináveis discussões sobre os méritos de cada um. E se acusam da incompetência de outrem.
Ambos têm culpa no cartório. A construção de casas especificamente destinadas aos atingidos pelas enchentes é uma ofensa para milhares de famílias. Ao invés de entregas, o que se vê na mídia é uma enxurrada de publicidade, onde tanto o governo estadual quanto o federal se vangloriam de suas ações.
Sustentamos “pavões” que deveriam cumprir
suas obrigações, pagas com o nosso dinheiro
Cada vez que assisto, leio ou ouço estas peças publicitárias pergunto: governador e presidente da república não foram eleitos justamente para encontrar soluções rápidas e eficientes para minimizar as nossas agruras?
Além disso, esta montanha de dinheiro gasto em propaganda – inclusive com um filme-documentário encomendado pelo governador do Estado – não seria melhor aplicada em ações concretas para ajudar os atingidos? Todos os recursos empregados são públicos, soma de nossos impostos. Governos não são empresas. Logo, não vendem produtos ou serviços.
O cotidiano dos municípios ensina que prefeitos e vereadores são cobrados em todos os ambientes que frequentam. Eles precisam dar respostas, encontrar soluções, gestionar recursos e melhorias e trabalhar sem parar para dar dignidade aos conterrâneos menos favorecidos.
Infelizmente a vaidade de alguns políticos e autoridades impede a eficiência esperada para ajudar a quem mais precisa. Sustentamos “pavões” que preferem mirar voos mais altos na carreira. Ao invés de cumprir suas obrigações, pagas com o nosso dinheiro.
Um abraço especial ao casal Marlise e Neltor Schmitt, leitores deste espaço, que foram incansáveis na tragédia das enchentes.