
Não canso de elogiar a coragem das pessoas que aceitam assumir um cargo público. Quase sempre, a função “paga pouco”, com baixos salários em comparação ao mercado formal de trabalho ou no empreendedorismo. Além disso, ser um agente público é garantia de muita dor de cabeça, tarefas fora de hora e ausência de folgas à noite ou nos fins de semana.
Pensei nisso no sábado passado quando percorri algumas ruas do bairro Navegantes da nossa Arroio do Meio. O cenário é desolador. Inúmeros imóveis foram reduzidos a um monte de entulhos ainda intocados desde a tragédia de maio de 2024. Tento imaginar o que passa pela cabeça das famílias que deram duro por anos a fio para construir sua residência que desapareceu diante da fúria do rio Taquari. O patrimônio, fruto do suor, desapareceu.
Apesar da ajuda vinda de todos os lugares, o desânimo – na verdade uma quase depressão – é, talvez, um dos principais obstáculos a serem vencidos no recomeço das vidas esfaceladas pela enchente. Penso, também, no tamanho do desafio dos gestores públicos, principalmente dos prefeitos, diante do tamanho da tarefa.
Além de conseguir habitação para centenas de famílias, o prefeito precisa manter a comunidade ativa. Em diversos municípios nota-se um esvaziamento, a partir da fuga de moradores que procuram, em outras paragens, um porto seguro para recomeçar a vida. A Serra Gaúcha e o Litoral têm sido os destinos mais procurados.
União, diálogo e esforço conjunto permitirão
virar esta dolorosa página da nossa história
Para colocar em prática as soluções, o prefeito precisa do apoio e da força dos conterrâneos. Isto, muitas vezes, é feito através da realização de audiências públicas. Trata-se de uma modalidade moderna e democrática, mas que precisa da participação da população. E aí, mais uma vez, consiste no desafio de mobilizar a comunidade para apresentar sugestões, propor alternativas e convergir para soluções viáveis para minimizar o sofrimento generalizado.
Passando na rua Campos Sales lembrei da inauguração do balneário municipal. Era uma área de lazer agradável, dotada de equipamentos para passar o dia com churrasqueira, bares e espaço para acomodação de descanso e confraternização das famílias. Não conheço em detalhes o projeto da administração municipal, mas gostaria de ver os arroio-meenses participando ativamente das decisões. Para isso, é preciso esquecer mágoas políticas, frustrações e projetos que não deram certo.
Só com união, diálogo e esforço conjunto será possível virar esta dolorosa página da nossa história.