
Por Neusa Alberton Bersch
No mês de julho, dia 4 especificamente, completou 90 anos de idade João Batista Gasparotto, um homem que teve grande participação na construção e condução dos municípios de Arroio do Meio e Capitão.
Nonagenário, hoje continua tão vivaz, como sempre foi, mas respeitando os limites da idade. Ama viver e segue fazendo o que gosta – caminhar, ir ao bar, tomar seu vinho, jogar carta – sempre acompanhado pelos olhares atentos da esposa Gerta, das filhas e suas dedicadas cuidadoras.
Gasparotto dedicou boa parte da sua vida à política partidária. Rememorando sua trajetória, sua história política iniciou na década de 1960 quando disputou uma vaga no Poder Legislativo. Na época, trabalhava como motorista da prefeitura no distrito de Pouso Novo, e representando a localidade, elegeu-se pelo período de 1969-1972. Em 1970, fixou residência em Arroio do Meio e reelegeu-se vereador, obtendo o maior número de votos, sendo convidado pelo prefeito da época, Arnesto Dalpian, para ocupar o cargo de Secretário Municipal de Obras.
A atenção dispensada a cada cidadão, resultou no convite para ser o sucessor de Dalpian. Venceu as eleições municipais tornando-se prefeito para o período de 1977 a 1982, período em que o município ingressou em um franco processo de crescimento e desenvolvimento.
Foi chamado de “papa-indústria”, trouxe a COOPAVE, em um processo já iniciado na administração anterior; a MINUANO e a INCOMEX, que na época geraram mais de mil empregos e fizeram com que o município ganhasse projeção no cenário regional, alcançando a terceira colocação em arrecadação.
Grandes visitas marcaram os seis anos da administração de Gasparotto. O ex-presidente da República João Batista Figueiredo veio ao município para inaugurar a COOPAVE. O governador Amaral de Souza esteve em Arroio do Meio em outubro de 1981 para contato com a administração, e a primeira dama do Estado, Miriam Souza, inaugurou, em julho de 1981, o primeiro prédio da Atalaia Infantil. Foi nesta gestão, no decorrer do ano de 1979, que João Batista foi presidente da AMVAT (Associação dos Municípios do Vale do Taquari). Ter sido presidente da AMVAT é motivo de muito orgulho até os dias de hoje.
O desenvolvimento econômico em setores como indústria, comércio, educação, agricultura, desenvolvimento urbano e vias terrestres, todos foram assistidos, alguns mais, outros menos, em diferentes momentos e necessidades.
Em se tratando de política, de um modo geral, cada administração procura entender o momento vivido, as necessidades mais urgentes, que não podem ser adiadas e, a partir disto, delineia um plano para ser executado com os recursos dispostos pelo orçamento municipal. Porém, Gasparotto soube, além disso, entender as pessoas. Preocupava-se com o bem-estar e as necessidades das famílias, por isso ainda hoje é lembrado por seu lado humanitário, carinho e pela forma como tratava as pessoas.
Tinha por hábito, ao fim do dia, passar pelas localidades onde trabalhavam as máquinas. Tornou-se costume o ponto de encontro do prefeito com os munícipes. Muitos o aguardavam na beira da estrada para um bate-papo informal e aproveitavam para reivindicar.
De certa forma, foi um visionário no âmbito do turismo local, realizando grandes eventos como motocross, gincanas e paraquedismo. Locais adequados foram criados para levar lazer ao povo.
João Batista Gasparotto tem seu nome eternizado também no município de Capitão.
Foi o primeiro prefeito, de 1993 a 1996, e teve por objetivo principal dotar o município de estrutura básica para alicerçar o desenvolvimento que é a expectativa primeira quando se conquista a emancipação. Sobre Arroio do Meio, é um apaixonado pela geografia do município, principalmente, pelo interior dele. Sempre que passeia de carro com as filhas, levanta a mão na direção das paisagens que não cansa de admirar. Não passam despercebidos aos seus olhos, os morros e a vegetação abundante que transforma o cenário e, principalmente, o capricho que as pessoas tem nas propriedades, pátios e jardins.
Sobre Arroio do Meio, no cenário atual, “vejo uma cidade muito desenvolvida e bem administrada, e que vai crescer muito mais. Aqui é um lugar bom para morar, não falta emprego para quem quer trabalhar, as indústrias são fortes. As catástrofes climáticas de setembro/2023 e maio/2024 deixaram rastros terríveis (Gasparotto também teve sua residência invadida e danificada nas duas cheias, hoje mora com a esposa num imóvel alugado) mas com trabalho e união tudo será superado”, concluiu.
Amor incondicional à vida
Sobre o que mais lhes encanta na figura paterna…
“Falar do pai é fazer um exercício de memória. Uma volta ao tempo que me fez relembrar suas mais diferentes fases de vida até chegar aos 90 completos no dia 4 de julho. E lado a lado continuamos escrevendo nossas histórias. “Mas o que mais me encanta no pai é seu bom humor, a sua doçura e tranquilidade, seu amor pela vida e natureza. Ele ama viver e segundo nossas expectativas, se ficar assim, chegará aos cem”. Filha Claci (Baixinha)
“Comecei a pensar no que escrever e me dei conta de como é difícil achar palavras que possam dar conta de descrever alguém tão importante pra mim como ele. O pai é um cara carinhoso, divertido, inteligente. Uma pessoa que teve uma história de vida muito bonita, mas também atravessada por muitas perdas, muitas dificuldades. E que seguiu em frente, que seguiu transformando, domando a vida, sabe? E apreciando o que ela tem de melhor.” (Filha Alessandra Gasparotto)
“Foi emocionante e um privilégio estar com ele nos seus 90 anos. O pai ama a vida e demonstra isso todos os dias. Vive um dia após o outro e aprecia as coisas simples e boas que a vida traz. Uma caminhada, uma conversa com o vizinho, um passeio.
Parabéns pelo seu dia e muitos mais anos de alegrias!” Filha Margot Gasparotto
