
Viajar foi um dos melhores investimentos que já fiz. Mesmo que surjam alguns contratempos e retornes cansado, ou que o lugar não seja como o esperado, sempre vais enriquecer teus conhecimentos e experiências. Retorno para casa e já vou pagando o parcelamento da próxima viagem.
Há uns dez anos tive a ventura de conhecer Cuba. Tinha muita curiosidade de conhecer a realidade cubana.
Convidado por um amigo de infância, participei de uma excursão organizada pela agência Espaço Aéreo, de meu colega de tênis, Everton Fardin, e sua esposa Maria, que acompanharam a viagem.
O impacto foi imediato. Ficamos com muita pena do povo cubano.
O País estava parado no tempo desde 1959.
Havana era belíssima. Lembrava Buenos Aires e Paris.
O povo fugiu e os revolucionários tomaram as casas e não passaram nem uma lata de tinta. Grande parte estava quase em ruínas. Segundo nosso guia, tinha sido “penalizada” por ter resistido à Revolução. O bairro chique se conservava porque colocaram lá as embaixadas.
O povo cubano não podia sair. A saída só para países da então cortina de ferro e devidamente uniformizados.
Erradicaram quase toda a lavoura de cana de açúcar e não plantavam quase nada. Toda a comida vinha da URSS ou outros países socialistas.
O muro de Berlim caiu em cima deles, segundo expressão de nosso guia turístico local. Passaram muitas dificuldades com a desagregação da URSS.
Com influência da filha de Raul Castro, lentamente estavam se abrindo. Já se admitia alguma iniciativa privada, pois tudo lá é do governo.
Havia muita mendicância nas ruas e as mulheres imploravam por sabonete, batom e xampu! Recolhíamos dos hotéis e distribuíamos.
Charutos e rum eram fabricados pelo governo, de forma muito precária e artesanal. Eram vendidos em postos do governo, mais caro do que dentro dos hotéis. Segundo nosso guia cada um colocava o preço que quisesse.
O salário de nosso guia era de 300 pesos cubanos, o que equivalia a 12 CUC (moeda de turista). Um Euro valia 1,07 CUC. Já um CUC valia 0,84 dólares, pois este estava “penalizado”, segundo expressão deles. Ou seja, seu salário era menos de quarenta reais.
Podiam comprar em armazéns do governo (muito precários), de forma limitada: um pedacinho de carne e alimentos básicos, principalmente arroz, de acordo com a cota mensal autorizada.
As terras foram tomadas pelos “campesinos”. Da produção podem ficar com 10% do fumo; são obrigados a entregar para o governo 90% a preço fixado.
Dos alimentos varia o percentual entre 70 e 90%. Ou consomem ou podem vender no mercado paralelo.
Na ruas trafegavam os carros deixados pelos americanos, a maioria da década de 1940/1950. Tornaram-se hábeis na recuperação de peças.
As estradas foram muito bem construídas pelos americanos e, como não há quase tráfego, estavam bem conservadas: largas estradas, com pontes e túneis.
Não vi construções. O luxo, onde se encontram os chefes de Estado dos Países comunistas – fotos nas paredes-, está dentro dos hotéis, onde funcionaram os cassinos da máfia, tudo parado em 1950.
A praia de Varadero é muito bonita e a água morna. Recentemente foram construídos hotéis pelos espanhóis, em sociedade com o governo cubano.
O visto é cobrado em dólares, em Lima, antes do embarque. Quase perdemos o voo porque não tinham formulários para receber o pagamento. O troco tivemos que acertar entre os turistas, pois não tinham troco para dar.
O que funcionava bem lá eram as escolas e a medicina, mas a lavagem cerebral é constante. Religião não havia.
O transporte público era improvisado sobre caminhões.
A TV era limitada aos hotéis e apenas alguns canais. A TV estatal transmitia só sobre a república bolivariana e sobre os demais países alinhados e permanecia atacando constantemente os Estados Unidos. Havia um comercial exibido o dia inteiro sobre as intervenções americanas no mundo. Internet só dentro do hotel.
O turismo estava aumentando. Perguntei a alguns cubanos o que achavam, pois nós estávamos caminhando na direção do socialismo. Todos me disseram que era muito ruim, que não fizéssemos isso, pois eles, felizmente, estavam começando a sair. Aliás, já tinha sentido isso na Rússia, onde estivera antes. Mas estavam agradecidos pelos quase um bilhão de dólares que o governo Dilma Rousseff havia entregue à Construtora Odebrecht, através do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social, para construção do Porto de Mariel, em Cuba, financiamento de que estão inadimplentes desde o segundo semestre de 2018.