
E aí, um dia, decidi que diminuiria o consumo de carne bovina em minha refeição diária. Frutos do mar e águas doces seriam bem-vindos, no mínimo, duas a três vezes na semana. Sempre acompanhados de legumes. A peixaria que eu conhecia aqui onde moro, sempre tinha promoção de um peixe sem espinhas, filé graúdo e sabor razoável – o cação – que, por razões óbvias, passou a ser meu favorito. Isso durou até o início desta semana quando li matéria alertando para os riscos no consumo desse peixe.
Cação é o nome genérico do tubarão que, em resumo, tem uma carne rica em toxinas de metais pesados como mercúrio e arsênio. Sim, um risco à saúde humana, especialmente crianças e outras populações vulneráveis. Somos o país que mais consome esse produto, o que mais consome a carne de tubarão no planeta. Em 20 anos, os governos brasileiros gastaram R$112 milhões na compra desse ser aquático vertebrado de cara feroz.
E mais uma vez volta a preocupação com tudo aquilo que ingerimos, desde os alimentos ultraprocessados, aos que consideramos naturais. Como não tenho vocação para vegetariano, fui consultar meus livros de culinária com dicas de peixes de água doce bons de mesa. A tilápia, o pintado, o tambaqui e o gordinho bagre. Temos ainda o pirarucu, conhecido como “bacalhau da Amazônia” e outros.
Aí vocês vegetarianos virão me cornetar dizendo que não correm riscos graças a sua opção. Mas é bom alertar que os consumidores de alimentos crus ou mal passados, como frutas, vegetais e grãos, podem estar ingerindo patógenos caso não os lavem ou cozam adequadamente. Um ex-colega de trabalho, certa vez passou mal ao consumir tofu que, certamente, não fora bem higienizado.
Enfim, encerro essa crônica gastronômica concluindo que na alimentação, assim como em tudo na vida, é preciso equilíbrio e alguns cuidados como, por exemplo, convidar um amigo para um jantar especial e oferecer uma linda moqueca de peixe sem consultar sobre gostos e desgostos com esse tipo de prato. Mas é assunto para outra crônica quem sabe, envolvendo alimentos e questões políticas. Ou amorosas… aquela janta oferecida por uma namorada rancorosa. Que perigo!