
“Ser mãe é padecer no paraíso. Ser pai é padecer no ostracismo”.
Logo que nasceram meus dois filhos, hoje adultos, fiz esta brincadeira com a primeira frase acima, consagrada pela devoção das mulheres na maternidade com todas as agruras da função.
Quando alguém me contesta, faço outra brincadeira em forma de pergunta:
Vejam a quantidade de propagandas veiculadas no Dia das Mães e comparem com o volume de publicidade vista no Dia dos Pais: não tem comparação!
Lembrei disso às vésperas do Dia do Pais, que se comemora domingo.
Ao longo do tempo, ser pai ascendeu à escala de grande importância. Hoje, é comum ver homens brigando pela guarda dos filhos nos casos de separação. Isso era muito raro há alguns anos. E participando intensamente do cotidiano da prole, desde a mais tenra idade.
Aos 65 anos, noto como foi importante participar ativamente da vida de meus filhos desde o momento da descoberta da gravidez. A presença nas consultas do pré-natal foi muito importante. Para ela, para mim e meus herdeiros.
Apenas vivendo esta emoção se pode medir
a importância de ser pai. É algo único!
O esforço para estar presente às ecografias foi compensado pela possibilidade de testemunhar o crescimento e o desenvolvimento de Laura e Henrique até a chegada à nossa convivência presencial. Foram momentos de profunda emoção em uma época em que a tecnologia engatinhava e não tínhamos os avanços que os futuros pais dispõem hoje.
Jamais me furtei das tarefas cotidianas, principalmente de madrugada. Acorrer ao choro, colocar o filho no peito da mãe, esperar o ruído do arroto para devolver o pequeno ser humano ao berço se repetiu inúmeras vezes. depois – novamente nas madrugas – buscar a filha na balada, sempre acompanhada de amigas que espichava o “roteiro de entregas a domicílio”.
Também são inesquecíveis as noitadas à beira da churrasqueira, com os colegas de aula e amigos dos filhos em volta, ouvindo seus causos e pedindo para eu contar minhas histórias. São momentos únicos que forjam uma parceria segura para toda a vida.
Não faltaram vicissitudes, dificuldades, armadilhas inesperadas da vida, percalços e obstáculos que pareciam intransponíveis. Mas tudo é superado com sinceridade, união, tolerância, solidariedade e a presença insuperável do perdão. Trata-se de um sentimento que deve ser recíproco, praticado cotidianamente. É um exercício humano e cristão, que ensina, cura e incentiva seguir adiante.
Quando perguntam como é ser pai, respondo:
É impossível definir em palavras. Somente vivendo esta emoção se pode auferir a importância desta função. É único!

