
Em sua formação histórica o Estado do Rio Grande do Sul não pertencia ao Brasil. Pela sucessão de tratados entre Portugal e Espanha, a província pertencia à Espanha, sendo colonizada através das reduções jesuíticas da Companhia de Jesus.
Na sucessão de tratados, o “continente” foi trocado pela província de Sacramento, seguindo-se a destruição das reduções pela ocupação portuguesa.
A insatisfação dos pecuaristas e charqueadores gaúchos com os altos impostos cobrados pelo governo imperial, sobre o charque e outros produtos da região, foi o estopim da rebelião. A isso se aliou a falta de autonomia da província e a centralização do poder imperial. A revolta começou em 20 de setembro de 1835, com manifestações contra a exploração pelo governo central.
Com a liderança de Antônio de Sousa Netto, David Canabarro, e Bento Gonçalves, experimentados militares da Guerra da Cisplatina, o exercício farroupilha sustentou a guerra contra o império do Brasil durante dez anos.
O movimento ganhou caráter separatista e republicano, com a proclamação da República Rio-Grandense em 1836, com o nome de República do Piratini, sendo escolhido presidente Bento Gonçalves da Silva.
O italiano Giuseppe Garibaldi aderiu ao movimento e passou a comandar a marinha farroupilha. O bloqueio imperial da Lagoa dos Patos foi quebrado pela célebre epopeia de arrastar os lanchões, com juntas de bois, pelos campos do litoral. Assim alcançaram o mar e atacaram Laguna, onde foi proclamada a República Juliana. Lá Garibaldi conheceu Anita que, com ele, após a queda de Laguna, participou da unificação da Itália, sendo heróis de dois mundos.
O longo conflito foi encerrado em 1º de março de 1845, negociado em nome do império por Duque de Caxias, com o Tratado do Ponche Verde.
Pelo tratado os farroupilhas podiam escolher o presidente da província e houve anistia, com pleno e inteiro esquecimento de todos os atos. A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul permaneceu como parte do Brasil. Os farrapos podiam ter seus combatentes incorporados ao exército imperial nos mesmos postos do exército farroupilha e foram libertados todos os presos e escravos que lutaram. Houve redução dos impostos e garantido o direito de propriedade.
A guerra dos farrapos, apesar de terminar com a aparente derrota dos farroupilhas, alcançou os objetivos por eles defendidos. Hoje é um símbolo de identidade e orgulho regional, com a Semana Farroupilha sendo celebrada anualmente no Rio Grande do Sul. Com seu linguajar típico, bandeira e hino, manteve sua identidade e dedicação ao trabalho, avançando com seu churrasco e chimarrão Brasil afora, colonizando Paraná, Mato Grosso e outros Estados da federação.
Os farrapos perderam militarmente o conflito, mas obtiveram uma enorme vitória política, uma vez que todas as suas reivindicações anteriores à guerra foram atendidas.