
Fazer aniversário é amadurecer. Às vezes rapidamente, noutras com lentidão. Depende da bagagem de cada um. Sou da geração dos anos 60 onde chegar aos 18 anos era o sonho da gurizada. Ser “maior de idade” era ser dono do próprio nariz, fazer carteira de motorista e frequentar ambientes antes proibidos resumia o sonho a ser alcançado.
Naquela época, pessoas com 30 anos eram consideradas “velhas”, vejam só! “O tempo é o senhor da razão” é uma das minhas frases preferidas. Tanto que deu título ao meu único livro solo, lançado em 2019. Resume com precisão o relógio da vida em que a pressa aos poucos se esvai, dando lugar à reflexão.
Tenho muitos amigos, mas optei pela qualidade em detrimento da quantidade. Mudei alguns hábitos, mas de outros não consigo fugir. Faço exercícios físicos com frequência, o que sempre foi um desafio. Prefiro aulas ao ar livre às academias. Questão de gosto.
Minha alimentação é péssima. A cada ano, em junho – mês do aniversário – faço check-up. Os resultados até que são bons para os meus 65 anos, mas a glicose continua no limite.
“Conviver com dores do corpo é normal. O que
machuca é o arrependimento daquilo que não fizemos”
- O que devo evitar, doutor? – perguntei com os resultados na mão.
- Evitar massas, chocolate, sorvete, entre outras coisas – respondeu.
- E cerveja, pode?
- Cerveja é uma espécie de “pão engarrafado”.
Refleti e devolvi ao urologista Túlio Grazziotin: - Puxa vida! Se fizer tudo isso, a minha vida não terá prazer algum!
Claro que se trata de uma caricatura porque o segredo de tudo na vida é moderação, desafio nem sempre fácil de superar no cotidiano.
Dosar o uso da energia é vantagem de ser “jovem há mais tempo”. Costumo dizer que procuro, todos os dias, “ter paz ao invés de ter razão”. Isso evita atritos, desgaste, riscos de magoar amigos e sofrimentos e, depois, remorsos.
A terceira idade impõe tristezas resumida em “vou a mais velórios que a casamentos”. É verdade. São episódios de inspiração de lembranças dos que partiram. Perdemos amigos, parentes e parceiros de trabalho e de vida com muita frequência. Valorizar o tempo que resta, economizar energia – mas não encontros! – devem pautar o dia a dia.
Conviver com as dores do corpo é comum. O que machuca é o arrependimento daquilo que não fizemos.