O governo do Rio Grande do Sul manterá, para 2026, uma medida implementada em 2024, como forma de “reduzir a reprovação e o abandono escolar”. A regra permite que estudantes da rede estadual avancem de ano mesmo tendo sido reprovados em até quatro disciplinas, desde que essas reprovações estejam em no máximo duas áreas de conhecimento.
De acordo com a secretária-adjunta da Educação, Stefanie Eskereski, a partir do primeiro trimestre do ano que vem entra em vigor esta ação, e faz parte do que o governo do RS chama de política de progressão parcial. Essa flexibilização na educação dos jovens gaúchos permite que os estudantes reprovados avancem de etapa escolar e realizem, no ano seguinte, os chamados “estudos complementares”. Segundo ela, a política educacional está amparada em pareceres do Conselho Estadual de Educação e não representa uma aprovação automática.
A Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) prevê que os estudantes que estiverem em progressão parcial, participem no ano que vem de reforços individuais e planos personalizados de estudo. O objetivo é que as escolas descubram as lacunas de aprendizagem de cada aluno e adotem estratégias para superá-las. A medida também vai manter em 2026 a regra que autoriza aprovar alunos que estouraram o máximo de faltas. Chamada de “estudos compensatórios de infrequência”, a prática permite que estudantes com 25% de faltas façam trabalhos para compensar as aulas perdidas.
ENTENDA COMO FUNCIONA
Se um aluno é reprovado, por exemplo, em Língua Portuguesa, Literatura, Física e Química, ele ainda assim deverá passar de ano. Neste caso, isto será possível porque, o estudante foi reprovado em duas disciplinas da área de conhecimento de Linguagens e em duas disciplinas da área de conhecimento de Ciências da Natureza.
Se o aluno é reprovado em Língua Portuguesa, em Literatura e em Língua Estrangeira, deverá repetir o ano escolar, isso porque, neste caso, o aluno reprovou em três disciplinas da mesma área de conhecimento (Linguagens).
Se o jovem for reprovado em Português, Matemática e Biologia, ele também não terá progressão, pois, a reprovação foi em disciplinas de três áreas diferentes de conhecimento, e vai precisar repetir o ano.
OPINIÃO DA COMUNIDADE
Confira abaixo a opinião da comunidade sobre a medida tomada pelo governo do Estado. E você, qual a sua opinião?
“Não sei se essa é uma boa medida. No meu tempo não tinha estas possibilidades, ou tu estudavas ou tu reprovavas. É aquela questão, o jovem tem que perceber se quer progredir, se empenhar ou se realmente não quer estudar ou pensar no seu futuro”.
Rogério Nunes (Enfermeiro)
“Eu tenho é pena dos professores. Eu acho totalmente errado isso. Os jovens vão na escola para aprender o quê? Reprovar por até quatro disciplinas e mesmo assim passar de ano e ter o serviço dobrado para recuperar depois. É estranho”.
Renato da Silva (Taxista)
“Obviamente, mais uma vez pessoas que não têm vivência em sala de aula impõem leis sobre a melhor forma de exercer ensino-aprendizagem. Por exemplo, o aluno não alcança o mínimo (e veja que o mínimo é 50), mesmo depois de trabalhos de recuperação em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, ele passará, pois só não atingiu o mínimo exigido em três matérias. Ano seguinte, ele já inicia devedor de conhecimento e de porcentagem de avaliação. Como este aluno conseguirá recuperar, sem haver uma real forma de recuperação? Com aulas sobre o assunto, com um profissional que tenha um real olhar para isso? Muito difícil! É neste contexto que iremos concretizar o analfabetismo funcional. O aluno progride de ano, mas não de conhecimento. Reprovar é sempre um momento difícil, mas aprovar de forma leviana para atingir metas burocráticas, não irá resolver o problema”.
Rosângela Fensterseifer (ex-professora)


