
Eu ainda era criança mas lembro vagamente da tristeza pelo suicídio do Presidente Getúlio Vargas, com quadro na parede de nossa pequena sala.
A eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira, construtor de Brasília, quase não redundou em posse, com João Goulart de vice, pois na época as candidaturas eram independentes.
Em 1960 a vassoura varreu o País, redundando na posse do Presidente Jânio da Silva Quadros, que governou apenas sete meses, preocupado com corridas de cavalo e rinhas de galo, condecorando com a Grã Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul o Ministro Cubano “Che” Guevara.
A renúncia gerou a crise da Legalidade, sustentada por Leonel Brizola durante o retorno do Vice-Presidente João Goulart da China, para onde havia sido enviado pelo Presidente.
Assumindo a Presidência, com o regime parlamentar de governo, habilmente costurada por Tancredo Neves, retomou o poder pleno após o plebiscito de 1963, que rejeitou o regime parlamentar.
Deposto por um movimento cívico-militar, em 31 de março de 1964 – quando assisti conhecidos serem presos na rua, por militares, atrás de inexistentes “grupos dos onze” – a partir daí passamos a ter eleições indiretas pelo Congresso Nacional.
O primeiro foi o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, nome da via de acesso à Capital Gaúcha, que governou o País entre abril de 1964 e março de 1967, após “prorrogação” de seu mandato, por um ano, pelo Congresso.
No dia 15 de outubro de 1966, sábado, deveria ocorrer a cerimônia de abertura da 1ª FENAF – Festa Nacional do Fumo, adiada para domingo por causa da chuva. Eu e meu colega Ruben Mohr, depois compadres, escrivão aposentado do Fórum de Lajeado, conseguimos carona em um caminhão para vir de Candelária a Santa Cruz do Sul. Com um primo dele, fomos a um baile em Linha João Alves. Lá chegando, a surpresa. Estávamos só nos três e a orquestra.
Cancelado o baile, só nos restou voltar para a cidade, quase nos enredando com a rigorosa segurança que havia sido montada no Acesso Grasel.
Na manhã seguinte, caminhávamos na direção do parque quando encontramos, na hoje rótula da Rua Gaspar Silveira Martins, estacionado, o antigo carro Stutz, conversível, do Governo do Estado.
Falei para meu colega: se o carro está aqui, vamos aguardar que o Presidente deve estar vindo do Aeroporto.
Alguns minutos depois encostou um carro e o Presidente Castelo Branco desceu e embarcou no conversível. Estávamos a dois metros dele. Embarcou, abanou e desfilou na direção do parque, onde foi recebido com honras para a cerimônia de abertura.
A bajulação dos políticos a seu redor era tanta que, na hora do banquete, alguém tirou a cadeira do idoso prefeito de Candelária, o qual se estatelou no chão…
Mas isso é outra história.

