
Quando eu era criança nossa casa não tinha refrigerador, nem televisor. Aliás, nem banheiro, nem chuveiro. O banho era em uma banheira, no próprio quarto. A “patente” era uma casinha onde os cubeiros, com suas carroças, recolhiam, semanalmente os dejetos.
Ouvi a conquista da Copa do Mundo de 1958 pelo rádio do vizinho. Também pelo rádio a Copa de 1962 e o vexame de 1966.
Em 1970 assisti os jogos do Brasil, pela televisão, na pensão onde morava minha esposa, então namorada. Só quando já casados compramos um televisor preto e branco, em prestações. O refrigerador veio depois, pois usávamos o da vizinha.
Já quando estava trabalhando em escritório e em Bancos, o telefone era de manivela e a ligação solicitada a uma telefonista, no centro telefônico. Depois de conectado, caso quisesse fazer outra ligação, era preciso esperar que a telefonista lembrasse de desconectar, o que poderia demorar longos minutos. Alguns telefones eram de parede, com um bocal, manivela e um fone, ligado com fio, que se colocava junto ao ouvido.
Depois surgiram os telefones automáticos, discados, que permitiam a pessoa fazerem suas próprias ligações. Um grande avanço.
O Fax foi uma grande invenção. Já imaginaste transmitir um documento através de um fio, ou pelo ar, imprimindo-o em um rolo de papel de seda? Aliás, antes disso veio o xerox, que copiava o documento em um papel de seda rosado especial. A cópia só durava algum tempo. Quando conseguiram imprimir xerox em papel comum foi a glória. Qualquer cópia podia ser multiplicada, sem necessidade de datilografar tudo novamente.
A foto de rolo de filme foi substituída pela digital. O computador veio substituir a máquina de escrever. Passei quase a vida inteira datilografando sentenças, em quatro vias, em uma minúscula Gabrielle portátil, só recebendo uma máquina elétrica quando cheguei ao Tribunal. Datilografar e poder corrigir é um luxo inestimável. Ainda contar com um corretor ortográfico é divino. Quando passei a falar pelo computador, através do Skype, foi um sonho.
Os aparelhos celulares revolucionaram toda a comunicação e também fotos e vídeos. Falar, fotografar, gravar ou transmitir, tudo em alta definição, em qualquer lugar e, ainda, enviar para um parente do outro lado do mundo, instantaneamente, é quase inexplicável.
Imagine que pouco mais de vinte anos atrás a Kodak tinha 170 mil funcionários e vendia 85% do papel fotográfico do mundo. O UBER está acabando com os táxis. O AIRBNB é a maior indústria hoteleira do mundo sem ser proprietária de um único imóvel. A inteligência artificial está acabando com grande parte das profissões de aconselhamento técnico. Já faz diagnósticos médicos e produz sentenças, dizem que com menos erros do que os humanos.
Os aviões já decolam e pousam praticamente sozinhos, assim como os carros. Trabalhar em casa, ou enquanto se deslocam, faz as pessoas mudarem-se para uma vizinhança mais bonita. Cidades serão mais silenciosas com os carros elétricos. A dessalinização garante a água potável barata, com energia solar. A impressão em 3D garante peças e construções econômicas.
Calcula-se que mais de setenta por cento dos empregos desaparecerão nos próximos vinte anos. Olhe quantos funcionários hoje tem os Bancos. Tudo é digital, inclusive o dinheiro.
A agricultura tem alçado sucessos inimagináveis. Tecnologia e alta produtividade é o segredo. A produção de proteína, no entanto, tende a ser substituída por insetos, que ocupam bem menos espaço e custos.
O aumento da longevidade vai alterar planos de saúde e modo de vida. A educação tradicional tende a ser totalmente substituída. A biblioteca está ao alcance do dedo e o conhecimento não é privilégio de ninguém, basta clicar.
É o futuro, que já chegou.

