
Um centro de pesquisa norte-americano foi investigar, entre casais, quem anda mais interessado em ter filhos. O resultado surpreendeu: os homens estão mais entusiasmados com a ideia da paternidade, enquanto muitas mulheres, antes símbolo da maternidade sonhada, mostram certa reticência. E aqui no Brasil, estudos revelam que a situação é bem semelhante.
Lembrei dos movimentos feministas dos anos 60 e 70, o Women’s Lib, que lutavam contra a opressão e a supremacia masculina, reivindicando igualdade em tudo — inclusive nos direitos reprodutivos. Talvez, quem sabe, essa antiga pressão pela sensibilidade masculina tenha começado a florescer agora, lá dentro de casa, no convívio familiar.
Enquanto alguns homens parecem mais inclinados à paternidade — por desejo genuíno ou influência social —, as mulheres seguem com o olhar mais prático. Afinal, sabem bem o peso real de uma gravidez, o corpo que muda, o tempo que falta, a carreira que fica em pausa, a rotina que vira malabarismo. O instinto maternal pode até permanecer, mas a planilha de responsabilidades fala alto.
E talvez seja esse o novo retrato da família moderna: o homem que sonha com o berço e o bebê no colo, e a mulher que calcula quantas noites sem dormir cabem no mês. Mas há esperança. Os pais de hoje — a maioria deles — já não têm mais aquele ar severo de antigamente. Dividem fraldas, brinquedos e até o estresse das madrugadas.
Nos Estados Unidos, segundo a pesquisa, o número de homens que compartilham ativamente os cuidados com os filhos cresceu 40% em menos de oito anos. E isso não é pouca coisa. É uma paternidade com afeto, com presença — uma guarda compartilhada não só nos papéis, mas no coração.

