
Os gastos dos brasileiros em viagens para o exterior continuam aumentando. O dólar ficou mais caro, fato que repercute no preço das passagens e na viagem como um todo, mas o turismo segue firme. Nunca se viajou tanto para fora do país. Quantias fabulosas de Reais são levados para longe ano após ano e cada vez mais.
O dinheiro poderia, claro, ter permanecido aqui, se os brasileiros tivessem escolhido viajar dentro do país. Lugares intessantes é que não faltam. Há cidades grandes, cheias de atrações culturais: teatros, museus, shows, restaurantes estrelados. Há belezas naturais sem par no mundo, como as cataratas de Iguaçu, como a geografia do Rio de Janeiro. Há praias de águas mornas e claras. Há opções mais ecológicas como a Amazônia, Fernando de Noronha, o Pantanal. Há cidades que permanecem como páginas vivas da nossa história. É o caso de Ouro Preto e Tiradentes, em Minas Gerais ou de São Cristóvão e Laranjeiras, no Sergipe, por exemplo. Há possibilidades de fazer compras vantajosas em mais de um local. Temos hotéis cinco estrelas e hotéis de meia estrela. A culinária nacional é variadíssima. Os sabores das frutas tropicais são exóticos e inusitados. Não há o que não haja – como se diz por aí.
Se viajassem pelo Brasil, os brasileiros teriam contribuído para gerar empregos e renda. Teriam favorecido o desenvolvimento do turismo local que, assim, subiria de patamar e melhoraria as condições de atrair mais turistas e mais investimentos.
Mais viajantes brasileiros viajando aqui, poderiam ter acelerado um círculo virtuoso benéfico para a economia e para o cidadão em particular.
De outro lado…
De outro lado dá para pensar que o dinheiro que vai para fora não fica perdido. É possível que o pessoal que retorna traga consigo ideias que jamais teria tido, se não saísse para longe. Quanta gente teve chance entender na prática que a lei é uma coisa séria e vale para todos – para o pedreiro, para o primeiro-ministro e para o turista, inclusive? Quantos negócios não foram já favorecidos pelo contato com ambientes desconhecidos?
Como medir o tesouro que volta na cabeça das pessoas?
Pode até ser que o capital de experiências adquiridas valha mais que o dinheiro que ficou lá fora.
Pensando bem, há chance de que essa sangria de divisas no fim das contas gere lucro. Conhecimento é ouro: amplia o nosso entendimento do mundo, amplia a dimensão da vida.
Tudo aquilo que não sabemos não existe para nós.

