Você, caro leitor, está apreciando neste momento a última edição do jornal O ALTO TAQUARI, deste ano de 2012. E a exemplo dos muitos anos em que venho ocupando este espaço, quero aproveitar a oportunidade para propor uma breve reflexão sobre algumas constatações que esta ocasião sugere.
A agricultura, de uma maneira geral, a agricultura familiar, o setor primário, o agronegócio, encerram este ano de 2012, de uma forma um pouco diferente do que vivemos no final de 2011. No ano passado, nesta mesma época, nos encontrávamos em um período de uma intensa estiagem, seca, provocando desânimo e preocupações, diante da possibilidade, confirmada, de frustrações de safras.
Apesar de termos convivido, nas últimas semanas, com uma temperatura exageradamente elevada, alcançando índices e marcas impressionantes, que, segundo relatos, não aconteciam há mais de 50 anos, não têm faltado as pancadas de chuvas nos momentos certos e adequados, permitindo prever boas safras das culturas de verão, como o milho, soja, além do bom desenvolvimento das pastagens, nas propriedades produtoras de leite.
O produtor rural, o agricultor da nossa região, caracteriza-se por um espírito empreendedor e de superação das dificuldades. Todos sabemos que o dia a dia de quem trabalha nas atividades do setor primário é sempre um renovado desafio, uma nova provação, mas onde também é reiterada a esperança, a crença e aposta em um desenvolvimento em melhoras na qualidade de vida e em mais sucesso na profissão.
Como há muitos anos acontece, este último período teve como uma de suas principais marcas, a insegurança. As principais lavouras, pelas razões já comentadas, registraram perdas significativas. Na produção de grãos, o Estado perdeu mais de 5 bilhões de reais. E o reflexo deste fato foi desastroso na economia gaúcha. Outras atividades econômicas, como as cadeias do leite, do suíno e do frango, com maior incidência nesta região, comportaram-se de maneira, permanentemente, preocupante. Basta lembrar as mudanças que envolveram as principais empresas integradoras e as constantes incertezas e complicações nas relações comerciais entre o Brasil e os mercados consumidores, compradores.
Os suinocultores tiveram um longo período em que praticamente não ganharam nada pelo seu árduo trabalho. Muitos produtores de frango, além de enfrentarem problemas de licenciamentos ambientais, sofreram com atrasos nos pagamentos de lotes entregues. E os produtores de leite, em que pese a rotineira oscilação dos preços, não conseguem sentir-se livres das desnecessárias importações do produto, fato que causa um continuado protesto das entidades classistas, mas que não contam com atitudes mais fortes de órgãos governamentais.
Já a agricultura familiar, a que mais foi afetada pela seca do início do ano, tem a lamentar a injustificada demora na liberação de recursos, como o “cheque-seca”. Há muitos produtores que até hoje não tiveram um apoio anunciado. Curiosamente, quando ocorrem catástrofes no exterior, o Brasil mostra-se solícito e extremamente ágil para socorrer essas populações.
O que a agricultura espera para 2013? – Com certeza, dentre inúmeros anseios, é possível elencar prioridades como definições mais claras em relação à legislação ambiental, regulamentação do Código Florestal; a concretização do Suasa e o consequente crescimento das agroindústrias familiares; um avanço do programa de sanidade animal, certificação das propriedades; valorização da produção nacional, motivação dos jovens agricultores para a manutenção das propriedades e que os entes, como o Estado e o governo federal sejam mais confiáveis e mais parceiros. E, finalmente, tudo aquilo que cada qual traz como perspectivas e desejos.
Desejo a todos os leitores um BOM ANO DE 2013, com a convicção de que o próximo ano será melhor e bom para todos!

