Arroio do Meio – “O jovem e a sucessão na propriedade rural” é o título da palestra, que o chefe do escritório da Emater de Westfália, Marcelo Henrique Müller proferiu para cerca de 50 jovens arroio-meenses. O encontro aconteceu nesta quinta-feira, no CTG Querência do Arroio do Meio, encerrando a semana de qualificação voltada ao setor primário.
Müller explica que, para manter o jovem no campo, uma série de fatores devem trabalhar entrelaça-dos. Proporcionar condições análogas às que os jovens do perímetro urbano tem, é uma delas. “Devemos envolver todos os parceiros e cada um destes fazendo da melhor forma possível a sua parte”, destaca Müller, citando a Administração Municipal, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Emater/RS/Ascar e todos os entes que puderem contribuir nesse processo.
O não reconhecimento por parte dos pais, do trabalho dos filhos principalmente no enfoque econômico é um dos principais fatores locais de êxodo rural. “O filho trabalha mas não tem participação nos resultados e apresenta completa dependência financeira dos pais”, cita. Outros motivos passam pelo autoritarismo dos pais sobre os filhos, a singularização de conceitos por parte dos pais, receio ou limitação por parte dos pais em adotar novas atividades que possam de uma ou outra forma otimizar os resultados da propriedade, além de entraves para acionar créditos rurais, trabalho extra jornada e dificuldades em integrar-se em uma vida social mais ativa.
Nessa linha, Robson Steffens, de Forqueta Baixa se integrou ao grupo e participa permanentemente das atividades. Com 20 anos, ele e o pai trabalham na produção leiteira e terceirizam serviço de trator. “Os jovens se sentem um pouco excluídos por serem do meio rural.” Steffens pretende manter-se no campo, e acrescenta a importância da presença das tecnologias no cotidiano. “Tanto em sementes quanto em comunicações, temos de estar sempre atualizados, se não ficamos para trás”, conclui.
Permanecer na propriedade rural proporciona muitos pontos positivos. Conforme Müller, estar em tempo integral com a família, ser dono do próprio negócio e possibilidade de renda muito acima da obtida na área urbana são fatores importantes. “Além disso, podemos citar a qualidade de vida, projeção de futuro, maior liberdade de ir e vir e o custo de vida, que na cidade é muito elevado”, expõe Müller.
“No meio rural a vida não passa em branco. No urbano, e conforme a atividade que o sujeito desenvolve, quando vê já é noite, quando se dá conta está com 50 anos e na análise de sua existência chega à conclusão que seus feitos ficaram aquém daquilo que um dia havia projetado”, declara Müller. Reforça que no campo a dinâmica do dia a dia inibe as mesmices, pois há a necessidade de interagir e agir distintamente nas atividades ora desenvolvidas na propriedade, tornando os componentes da família rural muito mais dinâmicos.
Semana de qualificação
O outro curso tratou sobre Primeiros socorros e patologias dos rebanhos leiteiros. Realizado de 22 a 24 na Casa Cultural de Forqueta, com saída a campo incluída, o curso contou com 14 participantes e foi ministrado pela instrutora do Senar, a veterinária Angela Balen. Produtor de Forqueta, Leonardo Franz, 23, já participou de três cursos gratuitos oferecidos pelo município e afirma que este foi o melhor. “Várias coisas que aprendemos aqui realmente podem ser aplicadas no nosso dia a dia. É um ótimo espaço para esclarecer as dúvidas”, comenta Franz.
No último dia 19, 23 produtores participaram do curso de Piscicultura realizado na Comunidade Luterana São Paulo, sob coordenação do zootecnista João Alfredo de Oliveira Sampaio, numa promoção da Emater/Ascar-RS e Secretaria Municipal de Agricultura. Este foi um dos módulos do curso que iniciou em junho e segue até outubro, somando cinco módulos, sendo que o último encontro será em Montenegro, onde existe um centro de treinamento nessa área.

