Há fatos que de tempos em tempos se repetem. Lembremos, pois, de alguns. No início dos anos 90, produtores de soja, que tinham créditos (depósitos de produção) junto à Farol, empresa sediada em Estrela, de uma hora para outra perceberam que não conseguiriam mais cobrar as suas contas, a não ser recorrendo à Justiça. Aconteceu uma memorável ação em que a indústria devedora ofereceu bens para compensar valores, ou parte desses, que os agricultores tinham a receber.
Na época alguns sojicultores conseguiram diminuir o seu prejuízo, no entanto ficaram pendências, nunca mais resolvidas por inteiro.
E voltando um pouco mais no tempo, possivelmente muitos lembrem de outra história dizendo respeito à Coopave, cujo episódio também deixou marcas desagradáveis.
Na sucessão dos acontecimentos, registramos mais recentemente, o ocorrido com a ex-Frangosul. Vários desdobramentos e grandes dificuldades para que produtores de suínos e de frangos obtivessem o que lhes era de direito. Mais uma vez o caminho foi o da Justiça e sem a sua interferência, mais uma vez teríamos casos insolúveis.
Neste momento um expressivo número de produtores de leite de toda a região do Vale do Taquari mobiliza-se para cobrar contas de Indústrias que tiveram problemas com o Ministério Público/Justiça, nos processos de adulteração de leite, operação conhecida como “Leite Compensado”.
Infelizmente as expectativas dos produtores conseguirem o pagamento das contas em atraso, sem terem que apelar ao recurso jurídico, mostraram-se frustradas, após muitas tentativas e tratativas.
Os agricultores, porém, não podem e não devem conformar-se com a possibilidade de recorrerem à Justiça para assegurarem um direito seu. Pois não deveria ser assim, uma vez que essas ações judiciais significam um ônus financeiro, custos consideráveis e uma perda de tempo bastante relevante. Mas quando não há outra alternativa, lamentavelmente usa-se esse expediente.
Expointer com menos negócios
A comercialização de máquinas agrícolas e animais apresentou uma retração de 17,1%, comparando os valores apurados nas edições de 2013 e 2014. No ano anterior a soma de vendas dos dois setores mencionados atingiu o total de 3,292 bilhões de reais e na edição deste ano os números foram menores, ou seja, 2,729 bilhões de reais.
Na avaliação de analistas, dois fatores foram marcantes nesse desempenho menor de resultados, sendo a taxa de juros mais alta, 2,5% em 2013 e 4,5% em 2014, e o desaquecimento da economia.
Um setor que apresentou um resultado positivo, na Expointer deste ano, em relação à edição anterior, foi o das Agroindústrias Familiares. Nos 200 espaços ou empreendedores, o volume de vendas alcançou o total de 1,953 milhões de reais, contra 1,505 milhões de reais em 2013, que significa um crescimento de 29,8%.
Os “consumidores” procuram priorizar o que é essencial no dia a dia. Os gêneros alimentícios, de boa qualidade e preços acessíveis, conquistam cada vez mais o seu espaço. Neste sentido a Agroindústria vai assumindo um lugar de destaque e o seu conceito cresce, de forma lenta, mas segura.
Safra recorde
As projeções que são feitas, tratando da próxima safra de grãos, indicam que o Brasil poderá bater o recorde em volume, alcançando a marca das 195,46 milhões de toneladas, com destaque para a produção de soja e de milho, que são as duas culturas mais em evidência.
É preciso destacar que o fator “tecnologia” é cada vez mais influente nos bons resultados. A produtividade vem crescendo mais do que a ampliação das áreas cultivadas. Este é um detalhe muito significativo e comprova que o Brasil tem ainda um potencial a ser explorado, em termos de crescimento da produção de grãos ou de alimentos.

