Arroio do Meio – Ocorreu na última sexta-feira à tarde na propriedade de Selvino da Costa em Passo do Corvo a entrega oficial da declaração de registros que comprovam a atividade de produtores orgânicos no município. Os documentos foram entregues por representantes da Comissão Orgânica do RS ao Organismo de Controle Social Defensores da Natureza composto por sete famílias, sendo que a de Isoldi Maria Hammes, não pode se fazer presente.
A declaração de cadastro é uma forma que estas famílias terão de comprovar, ao consumidor direto, que os produtos foram produzidos de forma orgânica. Participaram do encontro, as famílias dos agricultores, consumidores e apoiadores que fazem parte da OCS.
Comercialização em casa
Cursos sobre alimentação e produção de alimentos orgânicos realizados em Santa Cruz do Sul chamaram a atenção da dona de casa Lucila Petry, para uma oportunidade de negócio: a produção de orgânicos. Conta que há quatro anos nenhum tipo de produto químico é utilizado na propriedade. Na horta da família a prática de utilizar produtos naturais na produção de hortaliças é mais antiga. Com apoio da Emater/Ascar ela colocou o plano em prática e hoje produz aipim, repolho, alface, agrião, espinafre, rúcula e temperos verdes variados. Os produtos são comercializados na Feira do Produtor e restaurantes de Arroio do Meio e até de Porto Alegre. “Faço a feira aos sábados e muita gente vem aqui em casa para comprar orgânicos. Esse estilo de vida está sendo cada vez mais difundido na sociedade”, salienta.
Da horta para a merenda escolar
Selvino da Costa, de Passo do Corvo produz pêssegos e hortaliças de forma orgânica sem adição de agrotóxicos e produtos químicos. Orgulhoso da atividade desenvolvida na propriedade, conta que os alimentos são oferecidos na merenda escolar de 14 escolas municipais. “Essas crianças estão ingerindo um alimento saudável e saboroso. As frutas são diferentes pelo sabor que apresentam”, observa.
O pedreiro que deixou a atividade para produzir orgânicos, ressalta a importância desses alimentos para a saúde das pessoas e do solo que também sofre com a adição de agrotóxicos. “O valor é um diferencial, mas levar saúde para as pessoas um alimento livre de agrotóxicos não tem preço. É muito gratificante”, revela.
Estilo de vida
Produzindo alimentos orgânicos há seis anos, José Valdir Schmitz avalia a atividade como um estilo de vida. A preocupação com as futuras gerações e com o planeta o fez entrar na atividade que considera recompensadora, uma vez que está levando saúde e qualidade de vida às pessoas. Fala que o preço é somente um dos diferencias da atividade que possui outros inúmeros benefícios.
Conta que a viabilização do negócio foi planejada por anos, quando ainda trabalhava em indústrias do município. Após a aposentadoria colocou em prática o sonho de produzir orgânicos. Planta repolho, rabanete, quatro tipos de alface, couve-flor, brócolis, tomate e temperos variados. Os produtos são comercializados em restaurantes, supermercados e consumidor final.
Entusiasmado, José revela que o início da atividade foi difícil, mas com o passar dos anos foi se adequando às técnicas de manejo, melhorando assim a forma de cultivo. Observa que alguns cuidados devem ser tomados para que a atividade se torne rentável dando exemplo da rotação de cultura, adubação orgânica e adubação verde. “A natureza faz tudo sozinha. Os insetos fazem a parte deles, bem como a terra também. É plantar, cuidar e colher”, observa.
Morangos em bancada
Produzindo morangos orgânicos há aproximadamente quatro anos, dois destes no sistema de bancadas, Delmar Kappler entrega a produção para escolas do município. O sistema em bancada permite maior conforto ao produtor que faz o plantio das mudas e a colheita do fruto em pé, priorizando assim a saúde e dando maior agilidade aos trabalhos. Para estudar e viabilizar o sistema de plantio, o casal foi ao Vale do Caí, onde o cultivo de morangos é a principal renda de muitas famílias.
Kappler possui em suas estufas em torno de oito mil mudas das variedades San Andréas, Aromas e Camarosa. Essa última responde por 80% da plantação. “O produto orgânico está em crescimento, e cada vez mais as pessoas vão querer consumir alimentos sem adição de produtos químicos. Traz benefícios aos produtores que visualizam um preço melhor e para os consumidores que consomem alimentos de qualidade”, afirma.
Experiência positiva
Foi em 2008, em um assentamento no município de Caxias do Sul, que Cristiano Scheibler teve o primeiro contato com a produção de alimentos orgânicos. Na Serra ele tomou gosto pela atividade que deu início logo após retornar para Arroio do Meio. Comercializando diretamente com o consumidor final, ele consegue um preço melhor pelo seu produto. “Todo mundo sabe que os produtos orgânicos são mais saudáveis que os convencionais. Não podemos fechar os olhos para essa questão, pois precisamos cuidar da nossa saúde. Por isso, a importância de consumirmos produtos livres de agrotóxicos”, sentencia.
Sistema agroflorestal
Recebeu o registro de produtor orgânico o casal Ivo e Gelci Berschorner. Tudo começou há nove anos quando se mudaram para Arroio do Meio. Gelci conta que viram no pomar, até então abandonado, uma possibilidade de negócio com a produção de citros orgânicos. Produzindo bergamotas, laranjas e limões de variedades diversas no sistema agroflorestal, eles colhem cerca de 10 mil frutas mensais. As frutas são comercializadas em escolas de Arroio do Meio. Nesse sistema, árvores nativas fazem, no verão, o sombreamento para a cultura de citros, a exemplo do angico, espécie que no inverno perde as folhas, permitindo então que as frutíferas recebam luz solar.
O casal afirma que a comercialização de frutas orgânicas é um bom negócio, que vem ganhando adeptos a cada ano que passa. “Sem dúvida o preço é diferenciado, mas nada se compara a qualidade de vida e saúde que os alimentos orgânicos proporcionam às pessoas”, observa.


