A médica colombiana Sandra Lorena Guzmán em visita ao jornal, na quarta-feira pelas manhã, um dia após ser desligada do trabalho, fez uma série de manifestações públicas, transcritas em dois artigos que estão sendo divulgados nesta edição, nas páginas 3, 4, 5 e 6. Uma manifestação diz respeito à forma como foi feito o desligamento e outra relata práticas de atendimento de pacientes.
Locada desde o dia 21 de novembro de 2016 como médica do ESF em Bela Vista, ela diz em Carta Aberta aos cidadãos de Arroio do Meio que “o atendimento médico não pode ser fragmentado e apenas sintomático – (receitar remédios, sem avaliar todas as causas). Que cada paciente deve ser atendido de forma integral com avaliações sistemáticas e periódicas.” A médica disse que encontrou no ESF de Bela Vista prontuários sem informações completas sobre os pacientes e resistência em relação ao número de exames solicitados para que fosse possível fazer diagnósticos mais apurados sobre o estado de saúde de cada paciente, o que fere frontalmente o Código de Ética Médica. Entre as várias condutas apontadas, ela chamou atenção para o grande número de pacientes que eram tratados com medicamentos benzodiazepínicos, prática antiga, sem que fossem avaliadas as contraindicações absolutas e relativas e os riscos para a saúde do paciente, lembrando que o uso indiscriminado destes medicamentos pode levar a alterações afetivas e suicídios.
Em conversa com a Redação, a médica acentuou que a medicina deve ser exercida a serviço da vida do ser humano e que deve ser garantido o acesso coletivo da população.
Contas aprovadas
Para o Tribunal de Contas do Estado, Arroio do Meio, em 2016, foi a cidade com maior número de itens avaliados positivamente, em pesquisa de índices de efetividade das políticas públicas municipais, entre os seis maiores municípios do Vale do Taquari. A informação é do ex-prefeito Sidnei Eckert.
No Rio
Na quarta-feira, a Força Tarefa da Polícia Federal do Rio prendeu temporariamente cinco dos sete membros do Conselho Deliberativo do Tribunal de Contas. Trata-se do efeito Cabral. O Tribunal de Contas tem entre suas atribuições principais a fiscalização das contas da administração pública. É bastante óbvio imaginar que não seria possível, a um governador de Estado, como foi o caso do Governador Sérgio Cabral, desviar tanto dinheiro se houvesse fiscalização do dinheiro público. A fiscalização do Tribunal de Contas se estende a todos os órgãos de administração direta, indireta, fundacional e autárquica. Na realidade, para qualquer cidadão fica difícil imaginar como pode um Estado ir à falência se existe uma Assembleia Legislativa, se existem os tribunais para a devida fiscalização.
Crise do Estado
O governo Sartori, ao que tudo indica, terá dificuldades em aprovar projetos importantes para a saúde financeira do Estado. O corporativismo dentro e fora do governo é um dos entraves para que seja feito o ajuste fiscal. Se alguns projetos essenciais não forem aprovados ou mais uma vez postergados, como a privatização de empresas que não dão lucro, é difícil prever quando o Estado poderá sair desta penúria. O jornal Zero Hora estava dando como difícil, por exemplo, a aprovação da PEC 242/2015 que trata de extinguir a licença-prêmio por assiduidade pela criação da licença-capacitação. Este é apenas um dos exemplos da dificuldade do governo gaúcho em modernizar a estrutura, com cortes de benefícios que não condizem com a realidade. Outra dificuldade apontada pelo jornal é em relação à PEC 256/2016 pela qual seria eliminada, por parte do Estado, o pagamento de servidores que fizeram concurso público e que foram cedidos a entidades de classe. Pelo que consta, os sindicatos pretendem fazer forte pressão para que o governo não alcance junto à base os votos necessários para eliminar esta remuneração.
Desorientação,grande mal do século
Há um bom tempo estamos diariamente sendo bombardeados por notícias ruins. Corrupção, roubos, assaltos, irregularidades, grandes e pequenas. De um modo especial o Brasil está vivendo este bombardeio, mas não é “privilégio” apenas nosso. Ocorre também em outros países, ricos e pobres, fazendo com que estes fatos nos deixem angustiados. Esta angústia de não saber em quem acreditar, de não saber com quem se está lidando, quais são as verdadeiras intenções de quem nos rodeia ou vende produtos e serviços é de certo modo bastante ruim, mas ao mesmo tempo pode significar que estamos num processo de mudança e limpeza. Ainda que este processo de desorientação, como tem sido denominado pelo sociólogo Domenico de Mais, seja doloroso, a esperança é de que estejamos nos preparando para viver de uma forma mais afetiva, mais verdadeira, mais justa.