Esta semana, por três votos a dois, os juízes Dias Tóffoli, Ricardo Lewandovski (ambos indicados por Lula ao cargo) e Gilmar Mendes (por Fernando Henrique Cardoso) decidiram soltar José Dirceu, condenado a mais de 30 anos de prisão e que estava preso desde 2015. Os dois ministros que votaram a favor da decisão de manter o reincidente José Dirceu preso por crimes no Mensalão e Lava-Jato foram Celso de Melo indicado em 1989 por José Sarney e Edson Facchin que foi indicado por Dilma Roussef. Na justificativa foram usadas razões técnicas para soltar José Dirceu, mas é bom que se lembre que estão em condições semelhantes outros 350 mil presos que não receberam o mesmo tratamento. Portanto, a justificativa da alongada prisão preventiva não é coerente, assim como não é dizer que os procuradores da força tarefa da Lava-Jato de Curitiba são muito novos e inexperientes para deflagrar novas denúncias contra o ex-ministro, como disse Gilmar Mendes, desqualificando o trabalho dos jovens.
Já na semana passada Gilmar Mendes votou a favor do habeas corpus ao empresário Eike Batista, que estava preso preventivamente e que foi um dos principais braços de pagamento de propinas para o ex-governador Sérgio Cabral. Outros dois figurões foram soltos. Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula, mas que na sua delação falou o que sabia sobre o amigo e João Claudio Genu, ligado ao Partido dos Trabalhadores. O que se vê é uma intenção de enfraquecer a Lava-Jato, em andamento há três anos e que, ainda que possa conter alguns exageros na sua condução é a maior operação já vista no sentido de combater a corrupção endêmica no Brasil e que se agravou nos últimos anos de modo que está institucionalizada.
O que pode estar por trás desta tentativa de enfraquecer a Lava-Jato é a indicação de que o ex-ministro Antonio Palocci faça a sua delação. Lula tem dito que o ex-ministro do seu governo e de Dilma não vai fazer delação. Esta afirmação teria a ver com a certeza da impunidade e a onda de solturas? Seria para acalmar a profunda mágoa de Palocci que está preso desde setembro de 2016 e que disse recentemente: “ Fiz favor para muita gente, não vou para a forca sozinho”?
Este é apenas um dos cenários que está rondando a nossa política social e econômica em meio a muitas incertezas e inseguranças, quebradeiras, greves, protestos. Muitos dos protestos são justos e talvez venham operar algumas mudanças. Mas o que preocupa é que por parte dos congressistas e de uma grande maioria de “falsos defensores do povo” estão incrustados interesses pessoais limitados ao viés ideológico puro e simples ou manutenção de privilégios de cargos. Ora, o país não pode ser dividido em esquerda e direita, dicotomnia que parecia sepultada. Preocupa que há um enorme vazio no debate de temas em torno da segurança, saúde e educação. Como melhorar o nível de ensino, a qualidade da saúde, da segurança que são afinal deveres do Estado? Como acabar com a sangria da corrupção? Como manter vivos e atuantes os canais que combatem a corrupção? Como efetivamente melhorar as relações de trabalho, com produtividade, salários justos? Como garantir investimentos para a produção na agricultura e indústria, para obter um consumo equilibrado no comércio e fomentar as mais diferentes frentes de serviços? Como acabar definitivamente com as relações promíscuas de empresas privadas e políticos que se locupletam nas altas esferas? Como garantir pagamento de impostos mais justos e que revertam realmente para o bem da sociedade especialmente para a educação, saúde, segurança? Como acabar com o clientelismo? A excessiva judicialização? Como fomentar uma democracia verdadeira?
A visita do governador ao Guararapes
A vinda do governador José Ivo Sartori na inauguração da quadra esportiva do Guararapes, na última sexta-feira, não havia sido anunciada antecipadamente. Correligionários e políticos de Arroio do Meio também tiveram a visita confirmada só no final da manhã. No ato, o governador minimizou dificuldades pelas quais passa o Estado, relatou o que está sendo feito e destacou “É melhor fazer o que se pode fazer sem criar falsas expectativas”. Também deu um conselho para os jovens e adolescentes presentes: Não deixem de ir atrás dos seus sonhos, não deixem de participar, não deixem de se envolver, lembrando que ele, muito cedo trabalhou e estudou tendo sido fundador de Grêmio Estudantil aos 13 anos. Disse que quanto mais os pais participarem da vida do aluno melhor vai ser a escola.